Davi Silva perdeu a vida ao passar por uma região infestada de marginais. |
Em um barracão, amaldiçoado pelo tráfico, começou a corrida de Davi de Jesus Silva, 22 anos. Cerca de 100 metros depois, ainda na Rua Rio São Luís, próximo da esquina com a Rua Rio Uruguai, Jardim Weisópolis, em Pinhais, o rapaz caiu baleado e recebeu mais tiros, que lhe tiraram a vida, às 21h15 de quarta-feira. A primeira hipótese é a de latrocínio (roubo com morte), pois a motocicleta CG 125 prata, placa AJY-5765, que ele conduzia, foi levada por um dos assassinos.
Davi morava na Rua Casemiro de Abreu, Vargem Grande, naquela cidade, e fora visitar um amigo no Weisópolis. Moradores próximos do local onde o rapaz foi morto, ouviram dois tiros vindos da frente de um barracão abandonado e em seguida gritos por socorro, seguidos de mais dois disparos, estes junto à vítima caída. As informações levam a crer que Davi foi atacado em frente àquela construção e teve a moto roubada; tentou fugir, mas foi alcançado pelos bandidos. Familiares e amigos de Davi afirmaram que ele não tinha envolvimento com drogas.
Perigo
Os soldados França e Jorge, do 17.º BPM, que atenderam à ocorrência do assassinato de Davi, confirmaram já ter atendido diversos casos no barracão abandonado. O local é apropriado para marginais, que destruíram um dos muros do terreno e assim abriram uma passagem que atravessa a quadra. “A polícia chega de um lado e eles correm para o outro”, descreveu um morador, que já teve a casa invadida por dois adolescentes. Segundo levantamentos da PM, houve uma discussão em frente àquele terreno, de onde a vítima teria corrido para se salvar-se.
Foram vistas três pessoas perseguindo Davi, uma delas na motocicleta do rapaz. Provavelmente armados de revólveres, eles feriram o jovem no ombro direito, na nádega e pouco acima da nuca. “Todos os tiros foram dados pelas costas e o da cabeça, pode ter sido disparado com a vítima caída”, avaliou o perito Adilson, em levantamentos preliminares, comparando o estado do corpo com a versão dada pelos moradores. Os investigadores Hélio e Marçal, da delegacia de Pinhais, colheram as primeiras informações para tentar chegar aos assassinos.
Tráfico
O problema de segurança naquela região é grave. Conforme declarações de moradores, que mostravam marcas de tiros em seus portões, o barracão abandonado, que dois incêndios transformaram em estruturas e partes do telhado, é o centro do tráfico de drogas, comandado por uma mulher: a Beti. “Nos fins de semana é um tiroteio só, com brigas e algazarras”, contaram, sem querer se identificar, por motivos óbvios. A maioria das residências das redondezas do barracão já foi invadida ou teve objetos furtados. “Quando anoitece, temos de nos trancar em casa”, reclamou uma mulher. “A Prefeitura tem de tomar uma providência quanto a este antro”, protestou outro morador. Dentre as reclamações estão atos de vandalismo, assaltos e ameaças, que seriam promovidos por grupos que se reúnem no barracão. “Pára um carro, alguém dá um tiro para cima e logo um monte de gente se agrupa ao redor do veículo”, disse uma pessoa que mora naquele bairro.