Samuel Rodrigues Vieira, 18 anos, conversava com seu primo, no meio dos entulhos de uma casa destruída transformada em “mocó”, quando foi surpreendido por dois indivíduos e executado a tiros, na manhã de ontem, no Sítio Cercado.

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As ruínas ficam no cruzamento da Rua Francisco José Lobo com a Rua Cafeara, no Xapinhal. Na noite de sábado, na mesma esquina, o amigo dele, Hezrom Bernardo de Souza, 30, também foi assassinado. Ambos eram usuários de drogas e, provavelmente, foram mortos em função de dívidas com traficantes.

Assim como fazia recentemente, Samuel passou a noite de domingo fora de casa, perambulando pelas ruas da vila. Amanheceu no mocó, entre o amontoado de lixo. Junto com ele, estava seu primo, também viciado em crack. Por volta das 9h, a dupla conversava quando recebeu a “visita” de dois indivíduos, um deles armado.

Dúvida

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“O rapaz apontou a arma para Samuel e perguntou para o outro o que iriam fazer. O comparsa disse que não sabia e, então, ele abaixou a arma. Nesse momento, Samuel ameaçou correr e foi baleado na cabeça”, contou um morador próximo. A vítima ainda rastejou, na tentativa de escapar da morte, porém, foi novamente baleada, desta vez, na barriga.

Os criminosos fugiram, sem se importar com o primo de Samuel, que, assustado, acompanhou toda a cena. O Siate foi chamado, mas quando chegou, o jovem já estava morto.

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De acordo com conhecidos de Samuel, ele e outros amigos que freqüentavam o “mocó” estavam devendo para traficantes. “Todos ali já foram jurados de morte”, revelou um rapaz, que não quis se identificar. Um dos amigos de Samuel era Hezrom, conhecido como “Nenê”, assassinado a tiros na noite de sábado, no mesmo local.

A Delegacia de Homicídios investiga os dois crimes, mas ainda tem poucas informações sobre os casos. Em janeiro deste ano, Cristiane Oliveira, 26, prima de Samuel, também foi morta na Rua Francisco José Lobo, vítima do tráfico de drogas.

Tristeza prevista

Logo depois do crime, o local foi cercado por populares e familiares da vítima. Apesar da tristeza, o pai, os irmãos e os primos de Samuel relataram que já esperavam esse fim para o rapaz.

“Faz quase oito anos que ele usa drogas. Não conseguia trabalhar e ultimamente ficava pouco tempo em casa. A gente sabia que um dia isso aconteceria, mas não queria ver o filho morto em um lugar sujo como esse”, emocionou-se o pai da vítima, o mestre-de-obras José Luciano Vieira. Samuel era o mais novo dos quatro filhos de José e o único envolvido com as drogas. “Tentamos ajudá-lo, interná-lo, mas não foi possível”, lamentou.

O pai contou que, apesar das poucas condições financeiras, sempre tinha comida para o filho em casa. Porém, não podia pagar pelas drogas e Samuel roubava para sustentar o vício.