Cansado de tanto apanhar dos guardas municipais de Paranaguá, o jovem Wilian Cardoso Grocoski, 24 anos, morador na Ilha dos Valadares, resolveu denunciar os fatos e pedir ajuda à Polícia Civil. Com lesões pelo corpo e dizendo-se humilhado, ele relatou ao delegado Cleiton José da Silva, que vem sendo sistematicamente perseguido e agredido pelos membros da Guarda, sem qualquer motivo. Submetido a exame de lesão corporal no Instituto Médico Legal, ele está recebendo assistência da advogada Meri Terezinha Fortunato, que irá levar a denúncia ao Ministério Público e pedirá providências.
Wilian garante que nada fez para merecer a perseguição. Segundo ele, quando menor de idade, envolveu-se em alguns furtos, porém depois que completou 18 anos passou a trabalhar honestamente para sustentar a família e principalmente o filho. No entanto, desde 29 de julho tem sido vítima de agressões praticadas por guardas municipais, conforme relata. Naquela data, quando participava da festa de aniversário da cidade, teria sido agredido pelo guarda Felipe, que o espancou com violência e o trancafiou no camburão, deixando-o ali por três horas até libertá-lo em um pátio existente ao lado da Prefeitura. Neste local teria voltado a agredi-lo com uma ripa, deixando cicatrizes em seu corpo.
Mais violência
Em setembro, próximo do Mercado Municipal, outros dois guardas conhecidos como Carlinhos e Márcia o teriam prendido sem qualquer motivo e de camburão o levaram até Alexandra (município vizinho), onde o abandonaram, obrigando-o a voltar a pé para Paranaguá. Já em 13 de outubro, quando novamente estava no Mercado Municipal, para receber um dinheiro relativo a um serviço prestado para o proprietário de uma floricultura, foi agredido e preso pelo guarda Jorge Luiz Ferreira, que lhe aplicou golpes de cacetete e chutes nas pernas, expulsando-o do local.
Com um ferimento no braço, Wilian chamou a Polícia Militar e pediu ajuda. Porém os PMs que atenderam a ocorrência conversaram com Ferreira – que o chamou de vagabundo e ladrão – e o orientaram a prender o rapaz, alegando desacato à autoridade. Depois que os PMs saíram, Ferreira o algemou e o levou à delegacia, alegando o desacato. Nesta ocasião Wilian resolveu contar tudo o que estava acontecendo ao delegado Cleiton, que abriu inquérito para apuração das ocorrências.
Guarda
A Guarda Municipal de Paranaguá existe há 3 anos, possui um efetivo de 138 homens e é treinada por policiais militares. O comando da entidade está a cargo do major reformado Wilson Araújo, que, ouvido ontem pela reportagem, prometeu abrir uma sindicância e apurar todas as denúncias contra seus comandados a partir de documentos que venha receber do Ministério Público. “O papel aceita tudo. Denúncia pode ser feita contra todos, mas precisam ser provadas”, disse ele.