A determinação de dois policiais militares salvou da morte por afogamento o mecânico Juliano Amorim de Souza, 27 anos. Ele havia sido amarrado, agredido e jogado em uma das cavas existentes ao lado da Estrada Ecológica, em Capoeira Grande, Pinhais, às 20h30 de terça-feira. Os irmãos José Bráz dos Santos, 41 anos, e Jocemil Braz dos Santos, 35, foram presos no local, conduzidos à delegacia de Pinhais. Lá ambos foram autuados em flagrante por roubo seguido de lesão corporal de natureza grave, pelo delegado Gerson Machado. Jocinete Barvik Michozs, 22, mulher de Juliano, também agredida pelos irmãos, foi salva por policiais rodoviários estaduais.
O casal andava pela Estrada Ecológica, onde mora, empurrando uma bicicleta, quando foi atacado pela dupla. Juliano foi agredido com pedradas na cabeça, que lhe causaram lesões profundas, teve os pés e mãos amarrados e foi jogado à própria sorte em uma das muitas cavas que acompanham a estrada. “Jogamos ele na beirada, não sei se caiu na água”, relatou José, afirmando que só queria assaltar as vítimas. Juliano caiu na cava e por pouco não morreu afogado.
Jocinete conseguiu correr por cerca de um quilômetro, até alcançar a Avenida João Leopoldo Jacomel, onde encontrou uma viatura da Polícia Rodoviária Estadual. Os detidos negaram ter tentado estuprá-la, mas a mulher tinha levado um golpe na cabeça e tinha as roupas rasgadas. Isso levou a polícia à suspeitar que a dupla tivesse tentado violentá-la. Em estado de choque, ela mal conseguiu contar o que havia acontecido.
Responsabilidade
Os soldados Josmir e Gledson, do 17.º Batalhão da PM, em Pinhais, foram chamados e encontraram a mulher já dentro da viatura da PRE. Ela disse que os bandidos haviam fugido pelo matagal e que seu marido tinha sido agredido. “Conseguimos deter os acusados e, com a ajuda da mulher, fomos ao local onde Juliano tinha sido jogado”, relatou Josmir. Porém, a primeira tentativa foi em vão.
Foi José quem apontou a área em que o homem foi deixado. “Passamos pelo mesmo lugar da outra vez e ouvimos um suspiro”, contou o soldado. Os policiais acionaram o Siate, mas não esperaram o apoio. “Tínhamos que salvá-lo”, resumiu. Os dois entraram na água e retiraram Juliano da cava. Em seguida, a vítima foi encaminhada, em estado grave, ao Hospital Cajuru. Jocinete também foi levada ao mesmo hospital, ainda em estado de choque e ferida na cabeça. Com os irmãos foi apreendida uma garrucha.
Homicidas
José e Jocemil já foram condenados por homicídio. Segundo contaram, o crime ocorreu em 1991, na Boa Vista. “Foi uma mulher da vida”, lembrou José, sem demonstrar arrependimento. Ele foi condenado a 30 anos de prisão, mas, conforme relatou, evadiu-se da Colônia Penal Agrícola (CPA), em Piraquara, há cerca de dois meses. “Nossos registros mostram que ele fugiu segunda-feira”, rebateu Josmir, acrescentando que a situação dos dois irmãos será levantada pela Polícia Civil. Jocemil afirmou que está com alvará de soltura, há dois anos. Os irmãos, solteiros, afirmaram morar no Jardim Holandês, em Piraquara, próximo do local onde o casal foi atacado.
Eles disseram que só pretendiam assaltar as vítimas, sem explicar porque amarraram e agrediram Juliano. A bicicleta e a mochila roubadas foram recuperadas e levadas à delegacia. José também confessou aos PMs estar armado, primeiramente com uma pistola, depois mudou a versão para uma “garrucha velha”. A arma foi jogada no mato e não foi localizada.