Investigado tiroteio que matou garçom na CIC

A Delegacia de Homicídios e a Polícia Militar estão investigando em que circunstâncias ocorreu a troca de tiros entre policiais e seqüestradores, na tarde de anteontem, na Cidade Industrial. O confronto resultou na morte do garçom Jonis Proença, 21 anos, e ferimento em seu colega, Waocimar Souza Alves, 30. Os dois haviam acabado de sair de um hotel nas proximidades, onde foram fazer testes para um emprego, e estavam no ponto de ônibus, quando foram atingidos pelas balas perdidas.

O superintendente Neimir Cristóvão, da Delegacia de Homicídios, informou que ontem policiais da especializada estiveram no local do confronto e recolheram vários projéteis de pistola ponto 40, arma usada pela polícia. “As duas vítimas não tinham nada a ver com a situação. Já instauramos inquérito e atuação da PM vai ser verificada”, disse Neimir.

O delegado Stélio Machado salientou que os policiais agiram no exercício regular do direito, mas será verificado se houve excesso. “Temos que saber em que situação estas pessoas foram baleadas. Ainda estamos apurando os detalhes, mas tiroteio às 15h30, próximo ao terminal de ônibus da Cidade Industrial, sempre há um grande risco em atingir pessoas que estejam nas proximidades. Em casos semelhantes nossos policiais são orientados a agir com cautela”, emendou o delegado. “Como este crime vitimou civis, será investigado por nós”.

O superintendente Neimir contou que os policiais militares que participaram da operação deverão prestar depoimento na delegacia de Homicídios, às 15h de hoje. “Vamos apurar quem foi o autor dos disparos e tomar as providências.”

IPM

O capitão Everson Martins, da Polícia Militar, informou que já foi instaurado o Inquérito Policial para apurar o que realmente aconteceu. “Já conversei informalmente com os policiais. A princípio só quatro homens iniciaram a perseguição. Eles só viram dois homens dentro do carro. A vítima era uma professora, que havia sido seqüestrada e estava abaixada, e eles não visualizaram”, ressaltou o policial. “Houve confronto e os policiais só atiraram para parar o veículo”.

O capitão informou que ao todo cerca de dez policiais participaram da operação, contando as viaturas de apoio. “Eles pretendiam cercar a área para efetuar a prisão dos indivíduos”, explicou. Os marginais, que seriam três e mantinham a professora como refém, conseguiram escapar do cerco policial. (VB)

Barman conta como ele e amigo foram baleados

Depois de medicado no Hospital Cajuru, o barman Waocimar Souza Alves, 30, uma das vítimas do tiroteio entre policiais militares e seqüestradores, recebeu alta e ontem foi para casa, na Vila Nossa Senhora da Luz. Abalado por saber da morte de seu colega – o garçom Jonis Proença – ele relatou detalhes da ocorrência. Ainda sob efeito de analgésicos, o rapaz – que é separado da mulher e tem dois filhos – contou que ele e Jonis tinham ido até o Mabu Park Hotel, na Cidade Industrial, para deixar seus curriculuns. Ambos trabalhavam em uma churrascaria situada na Avenida Brasília e estavam em busca de outro emprego.

Depois da entrega dos documentos, saíram comentando que, se um arrumasse emprego no hotel, iria ajudar o outro a também arrumar trabalho ali. “Nós éramos muito unidos, como se fôssemos irmãos”, lembrou a vítima. Já na Rua José Lacerda, quando caminhavam em direção ao terminal de ônibus, eles ouviram as sirenes dos carros policiais e também escutaram tiros. “Eu me joguei no chão e logo senti uma bala nas costas. O tiro saiu pelo ombro e raspou a minha cabeça. Se eu tivesse virado a cabeça um pouco mais, estaria morto”, narrou o barman.

Ferido, ele se escondeu atrás de um barranco e esperou a confusão passar. Em seguida arrastou-se pelo chã até alcançar o amigo, que caído na rua chorava de dor, com um ferimento na barriga. “Ele também recebeu um tiro nas costas, que saiu pela barriga”, lembrou. Ainda segundo a vítima, provavelmente as balas que os atingiram partiram de armas dos PMs. “Recebemos tiros pelas costas e era a polícia que estava atrás de nós”, afirmou.

O garçom que morreu era casado e tinha uma filha de 3 anos.

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