O governo do Estado deve abrir amanhã, sindicância para apurar as causas que permitiram o desencadeamento do motim na Penitenciária Estadual de Piraquara (PEP), considerada de segurança máxima. A expectativa é que o resultado da investigação saia entre 15 e 20 dias.
Também a partir de amanhã, deverá ser aberta a negociação com os governos de São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul sobre a possível transferência de 14 presos para seus estados de origem. O motim começou na 7.ª galeria da PEP, por volta das 9h30, e só terminou por volta das 22h30, quando os 14 detentos -entre os 21 que promoveram a rebelião – foram transferidos para o Centro de Observação e Triagem (COT).
Falha
“A unidade é de segurança máxima, com total rigor na entrada. Houve alguma falha. Nós vamos fazer as investigações para descobrir onde foi”, prometeu o secretário de Estado da Justiça e Cidadania, Aldo Parzianello. A sindicância, afirmou, deverá estar concluída em um prazo de 15 a 20 dias. O secretário não quis comentar se o erro foi por parte dos agentes de disciplina – homens terceirizados que trabalham na PEP – ou mesmo por conivência. “Seria prejulgar, e eu não posso fazer isso.”
Segundo Parzianello, a galeria foi vistoriada e não foram encontradas armas – apenas a pá e a marreta que estavam sendo utilizadas em uma reforma na penitenciária e foram usadas no assassinato dos detentos Maikon Júlio Passo Ferreira dos Santos, 22, e Saneo Aparecido Santos, 27.
De acordo com o secretário, a 7.ª galeria, onde ocorreu o motim, deve voltar a ser ocupada amanhã mesmo. “Não houve grandes estragos”, informou. A 7.ª galeria tem capacidade para 26 presos, mas na sexta-feira havia 23: os 21 rebelados, além de Maikon Santos e Saneo Santos, que foram assassinados. A capacidade total da PEP é de 550 presos. No dia do levante 541 presos estavam na prisão.
Transferências
“As transferências só serão resolvidas na semana que vem. A condição era que eles libertassem os reféns para depois negociarmos as transferências”, informou o secretário, elogiando a nova modalidade da secretaria, em negociar à distância. Dos 14 presos que foram para o COT, cinco querem ir para São Paulo, cinco para o Mato Grosso e quatro para o Mato Grosso do Sul. Os outros sete que participaram da rebelião vão permanecer na PEP.
Ontem, o dia foi tranqüilo na penitenciária. Duas viaturas da tropa de choque estavam de plantão em frente ao local para garantir a segurança. Segundo Parzianello, a Rone deve fazer o policiamento até amanhã. As visitas aos presos também estavam acontecendo normalmente. O secretário informou que a segurança não deverá ser reforçada depois do motim. Cerca 200 agentes de disciplina trabalham na PEP.