Mais quatro policiais do 20.º Batalhão da Polícia Militar foram denunciados, ontem, pelo Ministério Público, por terem executado, com cinco tiros, o repositor de supermercado Diogo Chote, 24 anos.
O crime aconteceu na madrugada de 4 de abril, num matagal nas proximidades das Ruas Acyrdo Rasmussen e Oscar Gomes de Oliveira, no bairro Santa Cândida, em Curitiba. Na semana passada, 12 policiais do mesmo batalhão foram presos por executar cinco jovens num matagal no Atuba.
O tenente Wagner de Araújo, 29 anos, e os soldados Jonathan James Zanin, 27, Alexandre de Oliveira, 31, e Norberto Siqueira Adolphat, 33, foram denunciados por de homicídio triplamente qualificado, que prevê penas de reclusão, de 12 a 30 anos.
Como Diogo estava armado, os policiais alegaram legítima defesa, versão que foi desmentida pelas investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e do inquérito instaurado pela Policial Militar.
Provas
Com base em provas técnicas, como telefonemas feitos pelos policiais e o sistema de rastreamento de viaturas, o Gaeco concluiu que Diogo e um amigo foram abordados pela PM na Rodovia da Uva, na divisa com Curitiba, quando voltavam para casa de bicicleta.
De acordo com o promotor Leonir Batisti, coordenador do Gaeco, o amigo da vítima foi o primeiro a ser abordado. Os policiais deram cinco minutos para ele fugir e deram meia volta com a viatura para abordar Diogo. Os policiais viram a vítima jogando um revólver calibre 38 no matagal.
“Eles poderiam ter prendido o rapaz por porte ilegal de arma e levá-lo à delegacia. Em vez disso, colocaram-no na viatura e o levaram até os fundos de uma igreja, onde o agrediram, e, em seguida, até o matagal”, contou Batisti.
Crueldade
De acordo com a denúncia, os tiros foram dados pelo tenente Araújo e pelo soldado Zanin. “Um deles foi disparado de cima para baixo, mostrando que a vítima, provavelmente, estava de joelhos.”
Os outros dois soldados foram denunciados porque deram apoio aos colegas. O coronel Jorge Costa Filho, comandante do Policiamento da Capital, da PM, informou que os denunciados serão destacados para serviços administrativos até o fim do processo.