Um dos idosos que ficou recolhido em um asilo clandestino, na Rua Guilherme Rodbard, no bairro Campo Pequeno, em Colombo, concedeu entrevista ontem à Tribuna da TV e revelou como era tratado na casa. O detetive aposentado da Polícia Civil, Oscar de Almeida Filho, 58 anos, contou que ficou internado seis meses no asilo clandestino. Período em que alega ter perdido a visão do olho direito e, segundo ele, de muito sofrimento.
Oscar contou que apesar de não ter problemas de saúde foi internado no asilo por sua ex-mulher, que teria ficado com o cartão de sua aposentadoria e seus documentos. Ele não sabe informar quem recebia o benefício todos os meses. “Não é fácil. A situação na casa não era boa, não posso falar muito por causa dos psicotrópicos que eles nos davam. Não posso lembrar, aquilo nos deixava atordoados”, lembra. “A comida que era servida para nós, nem os cachorros comiam”.
Esquecimento
O aposentado contou que com o tempo começou achar estranho que esquecia das coisas com facilidade. Ele desconfiou dos medicamentos que tomava três vezes ao dia. “Pensei, não é coisa boa. Eles me davam o remédio, eu escondia embaixo da língua e quando eles saíam eu jogava no ralo”, lembrou Oscar. Com a suspensão do medicamento, ele começou a lembrar das coisas. “Voltei ao normal. Reuni o pessoal e pedi para eles escreverem cartinhas e jogarem pelo muro, para ver se alguém se importava. Três dias depois os bilhetinhos chorosos deram resultado”, contou o aposentado. “Agora voltei para a minha casa. Mas tiraram quase tudo. Não tenho minha aposentadoria e vivo com ajuda dos vizinhos”, relatou. Oscar contou ainda que, como conhece os moradores e comerciantes do bairro, abriu uma conta na mercearia e está comprando fiado.
Estouro
No último dia 26, os bilhetes escritos pelos idosos e jogados por cima do muro do asilo, chegaram nas mãos dos policiais da delegacia do Alto Maracanã, que foram até o local e encontraram alguns idosos em condições precárias. Outros já haviam sido transferidos. O superintendente Job de Freitas informou ontem que os proprietários do asilo -Wilson Daniel de Oliveira, 30 anos, e a mulher dele, Marilin Cristiane de Souza, 29 -, estão com prisões decretadas e continuam foragidos. “Provavelmente eles estão com os cartões dos aposentados”, comentou o policial.