Dando continuidade à serie especial de reportagens iniciada na segunda-feira, o Paraná-Online traz hoje ao leitor uma entrevista com o “prefeiturável” Ângelo Vanhoni, candidato da coligação Tá na Hora Curitiba, que reúne o PT, PMDB, PCdoB, PCB, PTB e PSC. O tema é segurança pública, assunto que preocupa praticamente todo o cidadão brasileiro. Vanhoni, durante entrevista aos jornalistas Rafael Tavares, Mara Cornelsen, Valéria Biembengut e Patrícia Cavallari, falou da necessidade de unir as ações da Polícia Militar, da Civil e da Guarda Municipal, criando uma “central de inteligência” para combater a violência. Nesta semana já publicamos as entrevistas com os candidatos Rubens Bueno, Mauro Moraes, Beto Richa e Osmar Bertoldi. Amanhã, fechando a série, publicaremos entrevistas com os outros sete candidatos à Prefeitura, integrantes dos partidos menores: Achilles Ferreira Jr., Vera Helena Teixeira, Danilo D?Ávila, Gilberto Feliz, Leopoldo Campos, Pedro Manoel Neto e Melo Viana.
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: Como você enxerga o problema da segurança pública hoje, em Curitiba, o qual você, caso seja eleito terá que enfrentar?Vanhoni – A nossa cidade cresceu muito nesses últimos anos. Os problemas sociais se agravaram e um dos que mais afligem os curitibanos é a questão da segurança pública. É um esforço que todos nós temos que fazer, junto com o governo Federal e com o governo do Estado. A responsabilidade constitucional é do governo do Estado, porém, eu acho que a Prefeitura tem que fazer a sua parte. A idéia é construir o que nós chamamos de segurança integrada, onde a Guarda Municipal trabalha em conjunto com a Polícia Militar e com outros órgãos da Prefeitura, como os agentes da Diretran, para fazer com que a prevenção e o combate à criminalidade seja mais eficiente na nossa cidade.
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: Esse tipo de integração aumenta a sensação de segurança, já que você distribui melhor a presença policial na cidade?Vanhoni – Sim, primeiro porque nós teremos 1.400 homens. Hoje a Guarda Municipal não tem contato com a Polícia Militar. Os guardas que trabalham em determinado bairro sabem onde está o foco da criminalidade e não têm nenhum contato com a Polícia Militar. Com isso, a Guarda Municipal se sente, muitas vezes, impotente de fazer algo em benefício da cidade, além daquela tarefa que ela está destinada a fazer. Então, como eu tenho uma Guarda Municipal bem treinada, se eu colocá-la trabalhando integrada com a Polícia Militar, vou praticamente dobrar a área de inteligência.
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: Você acha esse número de guardas municipais bom para Curitiba?Vanhoni – Nós até podemos aumentar a Guarda Municipal, no entanto, se a partir de janeiro começarmos a trabalhar integrados, vamos dar um salto de qualidade na gerência da segurança pública em Curitiba. O que nós estamos propondo não é nenhum milagre, é apenas o que nossa inteligência recomenda.
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: Como você promoveria essa integração entre a Guarda Municipal e a Polícia Militar?Vanhoni – Através de uma central de inteligência onde a Guarda Municipal, com os rádios que já possui, vai poder ter acesso à central da Policia Militar e vice versa. Além disso, vamos construir oito módulos policiais, onde as polícias vão trabalhar em conjunto. Esses módulos serão ligados a essa central, também ligados à Polícia Civil, onde a população terá o acesso direto para fazer os boletins de ocorrência. Quer dizer, nós vamos ter uma central unificadora dessa ação de inteligência.
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: Não poderiam ser usados os módulos já existentes?Vanhoni – O que já existe nós vamos utilizar para fazer a integração. Nós estamos criando esses oito, que serão novos pólos.
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: Onde serão implantados?Vanhoni – Aí nós vamos pegar o geoprocessamento da criminalidade de nossa cidade. A intenção é pôr pelos menos um módulo em cada regional de nossa cidade, mas nós vamos poder ter mais do que um e potencializar aqueles que existem.
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: Muitas vezes o guarda cuida da creche e do colégio, sabe o que está acontecendo e não tem como passar a informação para a Polícia Militar.Vanhoni – Isso é uma concepção integrada. Nós já temos 45 Conselhos Comunitários de Segurança e queremos impulsionar e estimular a consolidação deles. Nós vamos ajudar a constituição do agente comunitário de segurança, que é o que existe em qualquer lugar do mundo. Essa não é uma experiência nova que estamos querendo trazer aqui para Curitiba. É experiência de acúmulo de inteligência na área de segurança e, através desse Conselho Comunitário, que tem uma ligação com a comunidade, este corpo vai se relacionar diretamente com essa central de inteligência unificada.
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: É muito difícil conseguir uma integração entre a Polícia Militar e a Polícia Civil. Você acha que realmente é possível um trabalho integrado entre elas e mais a Guarda Municipal?Vanhoni – A Polícia Militar e Guarda Municipal têm uma formação recente. Hoje, quem comanda a guarda são ex-coronéis da Polícia Militar. Eu vejo que com a Guarda Municipal nós não teremos problema. Não há história de conflito entre a Guarda Municipal e a Polícia Militar e a Polícia Civil. Há possibilidade de que a gente construa uma nova cultura de integração utilizando o município. É um esforço que precisa ser feito. Em Londres existe aquilo que nós chamamos de agente de vizinhança. É um cidadão que representa naquele bairro a chefia de polícia. É ele quem se comunica com os chefes de polícia sobre o que está acontecendo naquele bairro.
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: Isso em Londres. Se colocar uma pessoa dessas no Cajuru ele não dura uma semana.Vanhoni – Eu sei. Mas os Conselhos de Segurança aqui têm que funcionar e já funcionam. A sociedade tem que fazer um esforço para construir uma alternativa para não ser vencida pelo medo. Por isso que a Guarda Municipal pode ajudar, atuando integrada, a trazer uma eficiência maior ao serviço de segurança para Curitiba.
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: E como vai ser essa relação com o governo do Estado, já que tanto a Polícia Civil quanto a Militar são de responsabilidade estadual?Vanhoni – Antes de pensar uma idéia como essa eu conversei com o governador, perguntei o que ele acha. Ele disse que a idéia é excelente e que se a administração do município desejar, nós vamos realizar isso.
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: A marginalidade, a prostituição e o tráfico de drogas se concentram em ruas do centro, como Saldanha Marinho e Cruz Machado. Você tem algum projeto para coibir essas ações?Vanhoni – Assim como constatamos que os bairros estão carentes de várias políticas, o centro de Curitiba está carente há muito tempo. Nossa memória, a cultura da cidade de Curitiba não é mais preservada. A nossa equipe de governo está pensando numa série de ações para que a gente possa repensar em revitalizar o centro como um todo.
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: Quanto tempo você precisa para que o curitibano saia de casa e diga: “Nossa, mudou a cidade!”.Vanhoni – No mês de janeiro nós já iremos fazer o convênio de integração com a Polícia Militar.
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: A Diretran pode entrar nesse efeito cascata, nesse entrosamento e ampliar um pouco mais seu papel?Vanhoni – Veja, a segurança no trânsito, em primeiro lugar, é fazer com que a cidade de Curitiba garanta a vida do pedestre. Então, a velocidade tem que ser de 60 a 70 km/h e é isso que a gente tem que fazer. No entanto, a indústria da multa e do radar nós vamos acabar. Vou retirar uma porção de radares da cidade. Nós vamos manter radares com critérios técnicos que sejam para preservar a vida das pessoas.
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O quê você acha das câmeras instaladas na Rua XV? Pretende instalar outras, em demais pontos críticos da cidade?Vanhoni – Eu não tenho um diagnóstico a respeito do que isso evitou.
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: Percebemos que muitos marginais migram da Região Metropolitana para agir em Curitiba. Você tem algum projeto que vise a integração com a polícia ou a Prefeitura dessas cidades que margeiam Curitiba?Vanhoni – Nós estamos pensando na cidade de Curitiba do ponto de vista da segurança integrada com a Polícia Militar. Com os municípios da Região Metropolitana nós pretendemos fazer uma integração em vários aspectos: na área de saúde, de educação e algumas políticas em relação ao esporte e lazer. Hoje a legislação já permite isso. Na área de segurança pública, com o efetivo da Guarda Municipal, nós vamos ter que estudar, e entrar em contato com os municípios da Região Metropolitana, porque me parece que boa parte deles não tem recursos para ter uma Guarda Municipal.
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– E como ficarão as favelas?Vanhoni – Nós vamos reurbanizar e regularizar as favelas. Essa é uma decisão política nossa. Temos recursos do governo Federal e do governo do Estado para fazer isso, além do recurso do tesouro municipal.