Inquéritos das mortes em A. Tamandaré com o promotor

A delegada Vanessa Alice, responsável pelas investigações das mortes em Almirante Tamandaré, entregou ontem ao fórum criminal daquela cidade os inquéritos referentes aos assassinatos de Joyce Katolik Devitte e de Maria da Luz Alves dos Santos, a “Maria Jibóia”. A partir de hoje, o promotor Paulo Sérgio Markovicz de Lima terá cinco dias para analisar os inquéritos e oferecer a denúncia.

Já o inquérito sobre a morte de Carlins da Rosa Proença, dono de uma boate em Tamandaré, será entregue amanhã, informou a delegada, que investiga a atuação de uma quadrilha organizada no município desde janeiro deste ano. O assassinato de Carlins, que estaria envolvido com o esquema de venda de drogas, está sob responsabilidade da delegada por haver fortes indícios de ligação com as demais mortes atribuídas à quadrilha.

Drogas

No caso de Joyce e “Maria Jibóia”, também há indícios de envolvimento das vítimas com o tráfico. As duas teriam sido assassinadas como queima de arquivo. Joyce, que tinha 18 anos, foi morta em março. O corpo só foi encontrado dia 13 de abril. As investigações apontam para o envolvimento dela com um policial, integrante da quadrilha que domina o tráfico em Tamandaré. Somente o inquérito sobre Joyce tem quatro volumes, além de armas e outros objetos anexados ao processo.

Já “Maria Jibóia” tinha 33 anos e foi assassinada no final de fevereiro. Ela era prostituta – fazia ponto em boates e próximo da Rodovia dos Minérios – e repassava drogas aos clientes. Desapareceu dia 26 de fevereiro e o corpo foi encontrado dia 5 de março.

Pista

O caso de Carlins Proença acabou sendo o elo de ligação que levou as investigações da quadrilha que matava mulheres. Até então, os assassinatos de vinte mulheres em Tamandaré eram vistos como obra de um maníaco sexual. Carlins foi morto a tiros, em fevereiro, dentro do carro dele, e em seguida carbonizado. Um cheque repassado à boate da qual ele era proprietário acabou conduzindo as investigações para o esquema de tráfico e, posteriormente, aos assassinatos das mulheres.

Como resultado das investigações da delegada Vanessa, 17 pessoas estão presas – entre eles, oito policiais militares e um civil, todos acusados de pertencer ou manter envolvimento com a quadrilha.

Policiais

Os PMs presos são Juliano Vidal de Oliveira, Jean Adam Grott, Juarez Silvestre Vieira, José Aparecido de Souza, Leily Pereira, Jeferson Martins, Marcos Marcelo Sobieck, Paulo Celso Rodrigues e ainda Valdírio Adir Mangger (este último, ex-cabo da PM). O policial civil é Alexsander Perin Pimenta, escrivão que dava expediente na própria delegacia de Tamandaré. Também está preso Luiz Antônio da Silva, o “Luizão”, funcionário da Prefeitura que dava expediente na mesma delegacia.

Os outros detidos são Maria Rosana de Oliveira, a “Maria Zen”, dona da lanchonete “Parada Obrigatória” (acusada de acobertar os crimes da quadrilha e manter as vítimas em cativeiro em um quarto da lanchonete); André Luiz dos Santos, o “Andrezinho”; Celso Luiz Moreira, o “Celso Seco”; Sebastião Alves do Prado, o “Tiãozinho”; Antônio Martins Vidal, o “Tico Pompílio”, e Paulo Celso Rodrigues.

Vítimas

Das vinte mulheres encontradas mortas, três casos foram elucidados e encerrados. Não tinham ligação com a quadrilha. Pelo assassinato de Vanessa Ekert, 16 anos, morta em dezembro do ano passado, foram acusados e presos Wilson Prankie dos Santos e Genivaldo Aparecido Strambeck. No caso da doméstica Cleusa Ferreira, 30 anos, foi preso em flagrante Advanil Tavares Nogueira, o “Nico”. Já Teresinha Elizabete Kepp, morta em fevereiro de 2000, foi vítima de latrocínio – o acusado também foi preso.

Ainda como resultado das investigações, o delegado de Tamandaré, Rogério Haisi, foi afastado. O secretário da Segurança, José Tavares, disse que Haisi foi omisso no caso, pois as mortes vinham ocorrendo há quase três anos, sem solução.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo