Inquéritos condenam ações de PMs que resultaram em mortes

A Polícia Militar concluiu e encaminhou à Justiça três Inquéritos Policiais Militares (IPM), que apuravam a participação de policiais na morte de quatro pessoas, este ano. Após serem julgados pela Justiça comum, pelo crime de homicídio, terão a conduta analisada, para ver se serão expulsos da corporação.

Os três IPMs foram acompanhados pelo Ministério Público, Ordem dos Advogados do Brasil, Secretaria Especial de Corregedoria e Ouvidoria Geral.

Os três processos constataram indícios de crime e excesso na conduta dos acusados, nos casos de Felipe Osvaldo da Guarda dos Santos, o ?Manchinha?, 19 anos, morto no Umbará, em fevereiro; do pedreiro Edson Elias dos Santos, no Largo da Ordem, no mesmo mês; e de Marcos Claudino Dias de Oliveira e Anderson Pedroso Simões, no São Lourenço, em maio.

No inquérito de Felipe, os policiais afirmaram que abordaram o jovem porque o carro que ele usava estava com alerta de roubo. Alegaram ainda que o rapaz reagiu à abordagem a tiros. O carro, no entanto, pertencia à mãe do jovem. O carro foi entregue à Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos batido e sem o som. Segundo os parentes da vítima, Felipe e sua família vinham sendo perseguidos por policiais do 13.º Batalhão. O processo foi encaminhado à Vara da Auditoria da Justiça Militar Estadual. Os três policiais militares que participaram desta ocorrência foram retirados das atividades de rua.

Pedreiro

Na noite de 16 de fevereiro, o pedreiro Edson Elias dos Santos, 28 anos, andava pelo Largo da Ordem, com dois amigos, quando foi abordado por policiais militares. Segundo depoimentos dos policiais, eles foram chamados para atender um roubo de carro. Quando chegaram, dois assaltantes teriam se entregado e Edson reagido a tiros. Na versão dos dois amigos de Edson, sequer o pedreiro estava armado e, enquanto o trio corria, Edson obedeceu à ordem de parar e, mesmo assim, levou tiros enquanto estava com as mãos para cima. Os quatro policiais acusados também foram afastados das atividades de rua.

Duplo

Num assalto ocorrido numa pizzaria no São Lourenço, na noite de 25 de maio, morreram Marcos Claudino Dias de Oliveira, 29, gerente do estabelecimento, e o assaltante Anderson Pedroso Simões, 22. Ao verem a luta corporal entre o trabalhador e o bandido – na qual Marcos tinha nas mãos o revólver que tomou do assaltante – os policiais entraram no estabelecimento atirando. Os dois, atingidos pelos disparos, morreram no hospital. O IPM diz que um dos policiais não transgrediu a disciplina.

Ainda há cinco processos em aberto

Cinco inquéritos, de abordagens que resultaram em vítimas este ano, estão em aberto. Em quase todos os casos, os policiais defendem que houve reação a tiros.

Gilberto Messias, 20, foi baleado na Rua Rubens Elke Braga, no Parolin, em 7 de março. Gilberto e outros comparsas estariam realizando um assalto, quando foram surpreendidos pelos policiais. Dias depois, em 13 de março, o porteiro Jacir Lourenço, 37, foi ferido com um tiro na barriga por policiais da Rondas Ostensivas de Natureza Especial (Rone), em Almirante Tamandaré. O açougueiro Ivo Bortoti Paula, 22, foi morto na madrugada de 19 de março, na CIC. Neste mesmo mês, quatro policiais militares do 17.º Batalhão foram presos em flagrante após agredirem o dentista Frederico Ribeiro Deliberador, 24, em Almirante Tamandaré, durante abordagem, devido a uma infração de trânsito.

Em 15 de julho, o agricultor Deiviti Maicon dos Santos, 19, deixava a Festa do Vinho na garupa da motocicleta de um primo, quando foi baleado. Sobre este IPM, a Polícia Militar alega que o caso está próximo de ser concluído. Os policiais envolvidos estão presos.

Mais quatro vão em cana

Quatro policiais militares, lotados na companhia do município de Pinhão, pertencente ao 16.º Batalhão (Guarapuava e região), foram presos na última segunda-feira, acusados de tortura seguida de morte. A vítima, Edson Antônio Loures, 29 anos, foi agredido – supostamente pelos policiais – na noite de 31 de maio e morreu no dia seguinte. Além das prisões, o Ministério Público (MP) também entrou com ação contra dois peritos do Instituto Médico-Legal (IML) de Guarapuava, acusando-os de falsa perícia e falso testemunho, pois teriam alegado causa de morte inverídica no laudo de necropsia de Edson.

Nesta mesma ação, o MP também deverá incluir a prática de tortura, supostamente cometida pelos policiais.

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