Revolta Violenta

Índios agridem funcionários do Ministério da Saúde em Curitiba

Um grupo de índios da aldeia Renascer, em Ubatuba (SP), agrediu na manhã desta quinta-feira (10) funcionários do Distrito Sanitário Especial, do Ministério da Saúde (MS), em funcionamento em Curitiba.

Na manhã, 18 pessoas chegaram ao prédio, que fica na Rua Candido Lopes, próximo a Biblioteca Pública do Paraná, e quatro entraram para conversar com os representantes da saúde.

Os índios fugiram depois que o diálogo virou agressão e três funcionários públicos foram machucados. Segundo o coordenador distrital de saúde indígena, os índios entenderam que as reivindicações deles não seriam aceitas.

“Eles estavam conversando para tentar negociar um dos pedidos do grupo, o que não significa que este pedido seria aceito. Foi então que começaram as agressões e ameaças”, disse Paulo de Camargo. Os índios pediam, principalmente, a contratação de um motorista indígena para atender as atividades da aldeia.

O grupo é o mesmo que esteve em Curitiba na semana passada, entre terça e quinta-feira, para uma reunião com o Ministério Público para mostrar os pedidos e reinvindicações da aldeia. De acordo com Paulo, na sexta-feira eles foram embora e nesta quarta, voltaram e dessa vez foram ao prédio do MS.

“Até então, conversariam de forma pacifica, para tentar chegar a um consenso que seria bom para eles, pois a nossa função é essa. Mas eles entenderam que não teria solução e trouxeram medo e confusão generalizada a todo o prédio do Ministério da Saúde”.

A Polícia Militar foi acionada para controlar a fúria dos índios. Três funcionários foram agredidos e abriram Boletim de Ocorrência (B.O).  Um deles, inclusive, sofreu escoriações e sangrava no momento.

O grupo de índios fugiu, mas dizendo que voltariam com mais pessoas para invadir o prédio. Com a ameaça, a Polícia Federal (PF) foi acionada para prestar a segurança e o atendimento necessário ao caso.

Indígenas se defendem

A história de invasão é contestada pelos índios. Cristiano de Lima Silva, 29, um dos índios que estavam presentes no edifício, alega que não seriam 18 componentes, mas sim quatro. De acordo com a versão de Silva, o grupo estava preparado para retornar à aldeia ontem, mas acabaram sendo convencidos por um rapaz de nome Everlan, que seria responsável pela empresa San Marino, que faz locação de automóveis para o Ministério da Saúde, para ficar em Curitiba para uma reunião hoje, em que iriam contratar um índio como motorista da aldeia.

“Acreditamos que uma de nossas reivindicações já seria atendida e fomos eu, mais dois índios e o cacique para essa reunião. Contudo, encontramos pessoas da San Marino no local e nos avisaram que não iriam colocar um dos nossos como motorista.”, informa. Silva conta que o cacique não gostou e que iria tomar providências, quando um dos funcionários da San Marino teria feito um gesto de dar um tiro. “Na mesma hora que ele fez menção de atirar com as mãos, eu levantei e disse que isso não e coisa que se faça. Essa pessoa me deu um empurrão e um soco no olho. Vieram outras pessoas que nos agrediram, até que os ânimos foram apaziguados”, conta.

Silva conta que em nenhum momento procuraram agir com violência e que sempre buscaram o diálogo para resolver suas questões. “Procuramos resolver de forma pacífica. Bisquem pelas imagens das câmeras de segurança e vocês verão que estávamos em quatro pessoas. Ficamos aqui recentemente e não agredimos ninguém. Queremos que essas pessoas abracem nossa causa e que não se escondam”, lamenta. O indígena conta ainda que os índios não fazem parte da aldeia Renascer, mas sim de uma comunidade indígena que engloba diversas aldeias do litoral paulista, como a própria Renascer, Peru&,iacute;be, Itaoca, entre outras.

Por conta da agressão, os índios foram para a Sede da Superintendência da Polícia Federal para fazer exame de corpo de delito.

Coordenação

O prédio de Curitiba (Distrito Sanitário Especial) coordena e centraliza o atendimento das aldeias indígenas do Paraná, de São Paulo e do Rio Grande do Sul. Este seria a razão para o deslocamento dos índios até a capital paranaense.

Esta foi à terceira reunião entre representantes dos índios e funcionários do Ministério da Saúde. Como consequência da baderna e por medidas de segurança, os funcionários foram dispensados das atividades nesta quinta-feira.

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