Foto: Ailton Santos/Jornal Hoje

Seguranças chegam à delegacia para reconhecimento.

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Três dos sete seguranças detidos após o conflito na fazenda experimental Syngenta Seeds, em Santa Tereza do Oeste, oeste do Estado, foram reconhecidos ontem pelos trabalhadores rurais sem terra. Apesar do reconhecimento, a juíza Sandra Bittencourt, da 1.ª Vara Criminal de Cascavel, determinou o relaxamento das prisões. De acordo com o delegado do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), Renato Figueiroa, a liberação deles deve ser concretizada hoje.

Segundo Figueiroa, até agora, as investigações ?derrubam a versão dos seguranças da empresa NF?. O delegado fala, inclusive, em ?indícios de tentativa de execução de sem terra?. ?Um fato novo é o indício de execução, que derruba a tese que os seguranças teriam voltado à fazenda para libertar um colega que estaria refém dos sem terra?, comenta.

Essa afirmação foi feita com base em depoimentos tomados no último final de semana. Um deles da integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Izabel Nascimento de Souza, baleada no último dia 21 e internada em estado grave. ?Pelo depoimento dela, os seguranças não voltaram para negociar refém, nem recuperar objetos pessoais, mas para executar os líderes do movimento. Ela contou, e inclusive reconheceu o atirador, que foi obrigada a ajoelhar para levar o tiro, que veio de cima para baixo: um sinal de execução?, revela Figueiroa.

Segundo o delegado, Izabel teria sido confundida com a líder da Via Campesina, Célia Aparecida Lourenço, já anteriormente ameaçada. O segurança reconhecido pela sem terra seria Alexandre de Jesus.

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A outra pessoa ouvida, cujo nome não será divulgado, seria chave, segundo Figueiroa. ?Ela afirmou que estava no barracão durante o tiroteio e que todos os seguranças estavam armados. Eles teriam chegado de van, a mesma que teria levado as armas do local?, afirma o delegado do Cope. A esposa do segurança Fábio Ferreira que, segundo os colegas, era mantido refém pelos trabalhadores rurais, também foi ouvida pela polícia. Segundo o delegado, no depoimento ela afirmou que o marido estava em casa no domingo pela manhã, derrubando a versão dos funcionários da NF.

De acordo com a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), no último final de semana, além de novos testemunhos, dez mandados de busca e apreensão foram cumpridos nas residências dos seguranças, na sede da empresa e na fazenda. Na empresa NF, foram encontrados três revólveres calibre 38. ?Na fazenda nada suspeito foi encontrado. Apenas duas caixas de munições, que segundo os sem terra, teriam sido deixadas lá pelos seguranças?, diz Figueiroa. O delegado ainda comentou que o segurança Rodrigo de Oliveira Ambrósio foi reconhecido como o autor dos tiros que mataram Valmir Mota de Oliveira, o Keno, que prestava serviços para a Fundação da Universidade Federal do Paraná (Funpar), com salário bruto de R$ 2.358,28.

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De acordo com a Sesp, os advogados de defesa estariam acusando ?os policiais do Cope de estarem coagindo os seguranças presos para adquirir informações?. O órgão classificou tal acusação de ?falsa e caluniosa?.