Átila Alberti |
Corregedoria terminou investigação antes do prazo. |
A Corregedoria da Polícia Civil concluiu o inquérito sobre o envolvimento de policiais civis, agentes administrativos de delegacias e outras pessoas na rede de pedofilia associada a extorsões. No dia 2 de junho, a delegada pediu mais 30 dias de prazo para finalizar as investigações, porém os documentos ficaram prontos antes do prazo solicitado. O inquérito foi entregue à Vara de Inquéritos Policiais (VIP) e 28 pessoas, entre elas 25 policiais civis e agentes de delegacias, foram indiciados. Todos irão responder pelos crimes de estupro, atentado violento ao pudor, formação de quadrilha, exploração sexual comercial infanto-juvenil, concussão (extorsão feita por funcionário público) e corrupção de menores.
Seguindo o trâmite legal, o inquérito deve chegar às mãos de um juiz de uma das Varas Criminais de Curitiba, que o despachará ao Ministério Público. Na Promotoria de Investigação Criminal o processo será estudado e novas investigações serão feitas, para comprovação dos delitos. O passo seguinte é a tipificação criminal dos acusados para, aí então, a PIC oferecer denúncia contra os que julgar culpados.
Os policiais indiciados trabalhavam no 4.º, 7.º e 12.º Distritos Policiais em Curitiba, respectivamente bairros São Lourenço, Vila Hauer e Santa Felicidade. Segundo a delegada Charis Negrão Tonhozi, chefe da Corregedoria da Polícia Civil, das 28 pessoas indiciadas, 13 investigadores, três delegados, dois agentes administrativos e quatro escrivães permanecem presos, dois acusados foram liberados pela Justiça, dois estão foragidos e, segundo a delegada, duas pessoas ainda não foram presas.
Segredo
No inquérito, que corre sob segredo de Justiça, a Corregedoria identificou pelo menos seis adolescentes exploradas sexualmente. Por determinação judicial, os nomes dos envolvidos e os detalhes da investigação não podem ser divulgados.
Além do processo criminal na Justiça comum, os policiais envolvidos responderão a processo administrativo disciplinar para que possam sofrer as punições administrativas da Polícia Civil.
Delegado continua foragido
A rede de pedofilia e extorsão envolvendo policiais civis se desfez no dia 28 de abril, quando um pedófilo foi levado ao 4.º DP e policiais tentaram extorqui-lo. Ele denunciou o caso à Corregedoria, que deu início às investigações. No dia 19 de maio, a Corregedoria prendeu temporariamente os primeiros 14 policiais envolvidos no esquema, entre eles dois agentes administrativos e dois delegados. Dias depois, dois dos investigadores foram soltos por falta de provas. Um investigador e os delegados Edson José Costa e Moisés Américo de Souza Neto, adjunto e titular do 4.º DP, respectivamente, foram soltos por habeas corpus. No último dia 6, a Corregedoria decretou novamente a prisão preventiva dos três, mas o delegado Edson não foi encontrado e continua foragido. Há informações de que ele teria avisado que não pretende se entregar tão cedo.
Também em 6 de junho, a Justiça decretou as prisões preventivas de mais nove policiais e dos que já estavam presos por prisão temporária. Luciana Polerá Correia Cardoso e o tio dela, Lincon Lima Santos, que estavam presos temporariamente, também tiveram prisão preventiva decretada. Os nomes dos delegados, de Luciana e seu tio foram os únicos divulgados desde o início das investigações, já que os outros estão protegidos pelo segredo de Justiça.
Esquema
Pelo que foi levantado até agora, o esquema era simples. Luciana aliciava meninas com menos de 16 anos em colégios e escolhia pedófilos pela internet. Ela marcava os encontros e avisava policiais civis. Quando o ato sexual estava prestes a ocorrer, alguma das meninas, ou mesmo Luciana, dava um sinal e os policiais flagravam a cena e extorquiam o pedófilo.