A aposentada Julina Sender, 77 anos, foi esfaqueada por um homem que invadiu sua residência, na manhã de ontem, na Rua Trajano Reis, quase esquina com a Rua Inácio Lustosa, São Francisco. Ferida com um golpe profundo no pescoço e dois cortes na mão, Julina foi encaminhada em estado grave ao Hospital Evangélico.
De acordo com a soldado Juliana Dias, do 12.º Batalhão da Polícia Militar, ainda não se sabe como o marginal invadiu a casa, já que a porta não tinha sinais de arrombamento. A idosa teria sido golpeada na cozinha, onde a faca suja de sangue ao lado da mesa, posta para o café da manhã. A casa estava revirada, com papéis e documentos espalhados pelo chão, mas, aparentemente, nada foi roubado.
Arrastada
“Há marcas que indicam que ela foi arrastada dentro de casa, e achamos roupas sujas de sangue como se tivessem sido usadas para limpar o local”, disse a soldado. A idosa foi pedir socorro ao filho, que mora nos fundos e disse à polícia não ter escutado nenhum barulho estranho. Quando o Siate e a equipe do 12.º BPM chegaram, encontraram a vítima na frente da casa sendo amparada pelo filho.
“Ela estava do lado de fora, dizendo que tinha gente dentro da casa. Tentei conversar com a idosa, mas ela estava sem o aparelho para surdez, que estava quebrado em cima da cama dela”, contou a soldado. A polícia fez uma varredura na residência, mas ninguém foi localizado.
Vizinhos
Aparentemente a residência de Julina é segura, porém, é conjugada com uma casa abandonada, onde vive um mendigo. Essa casa fica ao lado de outra construção desabitada. “Não é normal acontecer uma situação como essa. Costumamos atender na rua furtos de carro”, contou soldado Bueno.
O vizinho, que também não escutou nada, informou que chegou de casa na madrugada. Investigadores da Delegacia de Homicídios estiveram no local assim como peritos do Instituto de Criminalística. Como a arma do crime foi deixada no local, é possível que as digitais estejam na faca.
Bairro está abandonado
Na região funcionam vários bares e há muitos prédios abandonados, que servem de mocós para usuários de droga, segundo a vizinhança e comerciantes. A idosa é viúva e mora há 60 anos naquela residência, conforme contou seu neto. Vizinhos contaram que estão à mercê de ladrões que agem a qualquer hora do dia.
O funcionário de uma tapeçaria mostrou o vidro da vitrine quebrado, provavelmente na madrugada de ontem. “Cheguei para trabalhar e encontrei o vidro quebrado e com sangue. Dei por falta de um tapete”, disse César Waintuch, 71. Ele contou que, há cinco meses, a loja foi alvo de ladrões.
Vingança
Há informações que a idosa teria flagrado a ação dos marginais e os denunciado à polícia. Os ladrões foram presos, mas é possível que eles estejam soltos e tenham ido se vingar da mulher. “Provavelmente é alguém que conhecia os hábitos dela”, supôs César. O vendedor disse que a região é insegura e falta policiamento. “Eles aproveitam para assaltar bem de manhãzinha, porque tem menos movimento na rua”, disse.
Para outra comerciante, a situação está fora de controle. “Esse lugar está cheio de “crackento’, principalmente na Rua Almirante Barroso. São meninos de 12 e 14 anos, que ficam usando droga, mas ninguém faz nada. No sábado de manhã, levaram o celular de uma moça”, reclamou.
Um dentista, que preferiu não se identificar, disse que já registrou 10 boletins de ocorrência entre furtos e arrombamento na sua clínica na Inácio Lustosa. “Esse bairro está abandonado. No domingo, tentaram de novo entrar na clínica”, disse indignado.