Se não fosse seus cães, arrastando travesseiros, sapatos e lixo, a aposentada Matilde Golom, 89 anos, ainda não teria sido encontrada morta dentro de sua casa. Ela foi degolada e deixada pelo assassino num dos quartos da residência na Rua Cascavel, Boqueirão.
O crime possivelmente ocorreu no final da tarde de domingo, mas Matilde só foi encontrada por volta das 19h de ontem. A polícia ainda não acredita em latrocínio (roubo com morte), pois a casa estava em ordem e os familiares não deram falta de nada.
A aposentada, mesmo com 89 anos e morando sozinha, cortava a grama, mexia no jardim e cuidava de sua horta, de seus dois cães e de algumas galinhas. Moradora há 30 anos naquele local, era conhecida e benquista por todos.
Na tarde de domingo, a vizinhança viu Matilde receber um rapaz. A aposentada o abraçou e beijou e o convidou a entrar. “Ela não era de muita intimidade com quem não conhecia bem”, comentou um vizinho.
Horas depois, já escurecendo, o rapaz foi visto deixando a residência sozinho, mas ninguém conseguiu notar muitas características dele. Apenas viram que tratava-se de um homem magro, que vestia um casaco marrom com capuz.
Cães
No início da noite de ontem, uma vizinha estranhou os cães, espalhando objetos e lixo pelo jardim e arrastando freneticamente almofadas pelo gramado da casa de Matilde. Ela telefonou para a moradora, que não atendeu.
Os vizinhos se uniram e um deles pulou o portão para chamar a aposentada. A porta da frente estava aberta e o homem se deparou com a mulher morta no quarto, caída ao lado da cama.
A médica do Samu constatou que Matilde deve ter sido morta no domingo, quando vizinhos viram o rapaz deixando a casa. Na parede do quarto havia respingos de sangue, mas nenhum sinal de luta. A arma do crime não foi localizada. O intrincado mistério está sob a investigação da Delegacia de Homicídios.
