Denúncia

Idosa agredida em clínica de repouso morre no hospital

Uma professora aposentada de 91 anos, que teria sido vítima de maus-tratos numa clínica de repouso de Porto Alegre (RS), morreu quarta-feira no Hospital da Cruz Vermelha, onde ficou internada por mais de um mês. A vítima relatou a parentes que foi espancada e amarrada na cama.

Cerca de um mês antes de Joanna do Carmo Machado da Cunha morrer, o neto Ricardo registrou boletim de ocorrência na Delegacia da Mulher, em Curitiba. No documento, ele conta que internou a avó na clínica, no dia 2 de setembro, para vir para Curitiba procurar uma casa para morar com a idosa. Ela estava lúcida, caminhava e falava normalmente.

Ferimentos

Ao retornar à capital gaúcha para buscá-la, Ricardo ficou surpreso ao se deparar com a avó machucada. “Ela tinha ferimentos no rosto e no peito e bandagens nos braços, porque foi amarrada na cama”. Imediatamente, o neto trouxe Joanna bastante debilitada.

“Meu erro foi não ter levado minha avó para fazer exame de corpo de delito lá mesmo (em Porto Alegre). Quando foram fazer o exame (em Curitiba), dias depois, os hematomas já haviam sumido. Ela só tinha as lesões cerebrais. Minha avó teve convulsões e até um AVC leve. Chegou desnutrida e desidratada”, contou.

Em estado de choque, Joanna conseguiu contar que levou socos e chutes. A funcionária da clínica também teria batido a cabeça dela contra uma parede, antes de imobilizá-la. A idosa foi trazida a Curitiba, onde ficou internada na Unidade de Terapia Intensiva do hospital até quarta-feira, quando morreu.

“Nos primeiros dias, ela gritava muito, assustada, depois “desconectou geral'”. Segundo Ricardo, o laudo médico do hospital constatou lesões nos órgãos genitais da idosa.

Ativa

Ricardo conta que já havia deixado a avó na clínica e, como não houve problema antes, internou-a novamente. “Ligava para ela quase todos os dias e me diziam que ela estava bem. Internei para matarem minha avó”, disse Ricardo.

Joanna era fonoaudióloga e professora de artes cênicas. Apesar da idade, era bastante ativa. “Ela era tudo para mim, morei com ela por 19 anos. Estava prestes a editar seu livro de poesias. Já não tenho mãe, agora perdi minha vó desse jeito”, lamentou o neto, que levou o caso à Promotoria dos Direitos do Idoso, do Ministério Público, que aguarda o laudo de necropsia da vítima.

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