Sete pessoas suspeitas de integrar quadrilhas especializadas em furtos dentro de bares e casas noturnas de Curitiba já foram identificadas pela Polícia Civil, em uma investigação conduzida com o apoio da Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas do Paraná (Abrabar-PR).
De acordo com a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), estas pessoas atuariam em duas quadrilhas distintas, dentro de bares de diversas regiões da capital.
Segundo a Abrabar, acompanhamentos das imagens feitas por câmeras de segurança de estabelecimentos permitem afirmar, até o momento, a atuação de três mulheres e quatro homens.
Dois deles fizeram mais uma vítima na última segunda-feira (15), em um bar localizado na Rua XV de Novembro. Vídeo feito com as imagens captadas pelas câmeras de segurança interna do espaço (veja no fim da reportagem) mostra o momento em que a bolsa de uma cliente é sutilmente furtada por um casal, que sai do local logo em seguida.
De acordo com a associação, assim que deixou o bar, o casal ainda se dirigiu a outro estabelecimento no Centro da capital e cometeu o mesmo crime. “Nós já sabemos de, no mínimo, duas quadrilhas agindo assim e com modus operandi muito parecido. O alvo preferido deles é, com certeza, mulheres, principalmente aquelas distraídas, mas ao mesmo tempo compenetradas em conversas com outras pessoas”, salienta o presidente da Abrabar, Fabio Aguayo, que afirma haver um aumento deste tipo de crime na capital nos últimos três meses, embora não haja uma estimativa certa que aponte o crescimento.
A Sesp não controla dados específicos sobre furtos em bares, restaurantes e ambientes noturnos. As informações coletadas pela pasta para o relatório de crimes são mais amplas e levam em conta furtos cometidos em qualquer estabelecimento comercial.
Nesse recorte, foram 1.207 furtos na capital, com boletim de ocorrência registrado, durante três primeiros meses deste ano – único período de 2015 consolidado pelo órgão até agora. O trimestre inicial do ano passado teve registro de 1.724 ocorrências do mesmo tipo.
Crime rotineiro
O vídeo que captou as imagens do furto realizado no bar de Curitiba no início da semana retoma a pauta da segurança nos estabelecimentos comerciais da cidade. O delegado-chefe da Divisão de Crimes Contra o Patrimônio (DCCP), Rubens Recalcatti, classificou este tipo de crime como “rotineiro” e disse que as ações cometidas em casos como este são sempre “muito delicadas”, o que exige atenção em dobro de clientes e até mesmo funcionários dos estabelecimentos.
“Estas ações são sempre muito delicadas. A pessoa chega ali, joga uma jaqueta, uma outra bolsa, e sai. Por isso, o maior conselho neste momento é se prevenir para não virar outra vítima”, ressalta.
“Em primeiro lugar, a bolsa jamais pode ficar pendurada na cadeira. Ou deixa em cima da mesa, ou pendurada em ganchos próprios ou, em últimos casos, presa nos pés ou no colo”, aconselha o delegado.
Em uma tentativa de aumentar a segurança interna de bares e casas noturnas da capital, empresários do setor estudam integrar as câmeras dos estabelecimentos ao Centro Integrado de Comando e Controle Regional do Paraná – inaugurado no ano passado, para a Copa do Mundo. O centro foi reativado no início de agosto e passou a ser usado como ferramenta policial em tempo ininterrupto.
Como a estrutura do sistema permite o videomonitoramento dia e noite, por meio da interligação com câmeras de segurança públicas e também privadas, a ideia, segundo Fabio Aguayo, é mobilizar o maior número possível de proprietários de bares e ambientes noturnos para reforçar a segurança nestes locais.
De acordo com a Sesp, além destes estabelecimentos, também já foram garantidas parcerias com a Associação Comercial do Paraná (ACP) e a Guarda Municipal ,de Curitiba.
“A partir desse convênio com as câmeras da Sesp, podemos passar a integrar as imagens dos bares com imagens simultâneas, repassadas em transmissão direta ou através de links. Agora estamos fazendo um apelo aos empresários, para que eles modernizem seus sistemas de câmera para que fiquem compatível com o centro de monitoramento”, acrescenta o presidente da Abrabar.
Campanha ambiente seguro
Prevista para ser ter seu projeto-piloto lançado em setembro, a campanha Ambiente Mais Seguro vai testar novos modelos de segurança em bares e restaurantes de Curitiba. A iniciativa é da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Paraná (Abrasel-PR).
De acordo com o diretor-executivo da instituição, Luciano Ferreira Bartolomeu, a proposta é instalar nos estabelecimentos botões de pânico cujos sinais serão captados diretamente por uma central de monitoramento parceira da campanha. O projeto, segundo Ferreira facilitaria a comunicação de crimes como roubos e agilizaria a atuação policial.
“Se acontecer de os ladrões entrarem em um restaurante, por exemplo, e assaltarem, aí se usa esse botão. A central, que vai estar ligada 24 horas, já é acionada, e a aciona também a polícia. Isso pode encurtar o tempo da chegada da segurança”, explica. A previsão inicial é de que o sistema tenha um custo de R$ 250 por mês ao proprietário que aderir à campanha.