Identificação do suspeito da barbárie em Caiobá é divulgada

Juarez Ferreira Pinto, 32 anos, é o principal suspeito de matar, em 31 de janeiro, Osíris del Corso e balear a namorada dele, que continua internada. Agora, resta ao Ministério Público, que acompanhou o caso, oferecer denúncia contra Juarez.

Diante dos indícios colhidos na investigação e do reconhecimento dele pela sobrevivente, a Secretaria da Segurança Pública divulgou, ontem, a identidade do suspeito.

Ele foi preso na terça-feira, no balneário de Santa Terezinha, em Pontal do Paraná. A jovem o reconheceu por fotos e em um vídeo feito pela polícia. Para garantir o reconhecimento, Juarez foi levado ao hospital, na quinta-feira, quando, mesmo em meio a outras quatro pessoas com características físicas semelhantes, foi apontado pela vítima como o autor do crime.

Pelo vidro, ela olhava para o suspeito e gritava: “Um dia eu vou ficar boa. Vou sair da cadeira de rodas e aí você vai se ver comigo. Já bati em homem muito maior que você”. A jovem é praticante de luta marcial e cursava Educação Física.

Testemunha

Além do reconhecimento da jovem, o delegado que comanda as investigações, Luiz Alberto Cartaxo Moura, também obteve a confirmação de uma testemunha, que teria cruzado com o suspeito, por volta das 21h do dia do crime, na trilha do Morro do Boi. Segundo o delegado, outra pessoa confirmou ter visto Juarez na praia mansa, no dia seguinte ao crime, acompanhando o resgate da vítima, feito pelos bombeiros.

O delegado ainda afirma que todos os álibis apresentados pelo acusado foram derrubados. O principal, em que Juarez afirmava estar trabalhando no horário do crime, teria sido desmentido por seus colegas de trabalho.

Juarez já ficou preso entre os anos de 2005 e 2007, por tráfico de drogas. Ele está detido no Centro de Operações Policiais Especiais e irá responder por latrocínio consumado, latrocínio tentado e atentado violento ao pudor. “O acusado é irmão de um policial civil, o que não influenciou e nem influenciará a investigação da polícia”, garantiu Cartaxo.

Detalhes mudam versão

O resultado do exame de DNA no sangue, encontrado em uma camiseta, não é do suspeito. “Num primeiro momento, a jovem, ainda muito abalada, achou que pudesse ser a roupa do assassino, mas depois, mais calma, não reconheceu a camiseta”, explicou o delegado.

Também a informação de estupro não se confirmou. Apesar disso, o delegado acredita em motivação sexual para o crime. “Ele teria arrancado a roup

a íntima da vítima e tocado seu corpo, molestando sexualmente a jovem”, disse. Ainda segundo Cartaxo, em seu depoimento à polícia, a jovem não declarou ter sido estuprada. O delegado esclareceu que o assassino roubou dinheiro das vítimas e por isso será indiciado por latrocínio.

Nova perícia

Ontem, peritos do Instituto de Criminalística e policiais civis voltaram ao Morro do Boi. Os peritos analisaram as pedras com sinais de tiros e possivelmente se preparam com provas técnicas para realizar uma futura reconstituição do caso.

História de solidão

Mara Cornelsen

O sentimento dos moradores do litoral é de alívio, pela prisão do criminoso. Por outro lado, para quem conhece Juarez, a sensação é de dúvida. Seus problemas de saúde, seu jeito tímido, de muito poucas palavras, não deixam transparecer que possa ter uma atitude de tamanha violência.

Juarez nunca teve namorada e sua vida foi conturbada desde muito cedo. Ele sofria de ataques (possivelmente epilepsia), caía na rua, ficava transtornado e envergonhado, o que o fez desenvolver grande timidez.

Outros problemas de saúde foram se somando a este, fazendo com que seus pais o mimassem mais que aos outros irmão. Por conta de “ser doente” não trabalhou e também não teve, uma formação escolar.

Abandono

Ele morava no Uberaba e quando os pais faleceram foi praticamente abandonado pelos irmãos. Ficou com o direito de morar na casa que era dos pais e, como fonte de renda, recebia o aluguel de duas outras casas que existiam no terreno.

Mas Juarez também não soube escolher seus inquilinos e deixou as casas nas mãos de usuários e traficantes de drogas. Quando o irmão – que é policial – soube do que estava acontecendo, pediu providências aos colegas. O rapaz foi preso, autuado por tráfico e amargou dois anos e meio de cadeia.

Na prisão, teria se revelado homossexual, o que confessou aos delegados que investigavam o crime no Morro do Boi, para garantir que não havia violentado a jovem sobrevivente (não teria ereção).

Doenças

Em seus contatos com traficantes também se tornou usuário de drogas. Foi contaminado por hepatite C e toma remédios continuamente para tentar manter o fígado funcionando. A família revelou que ele também se contaminou com o vírus HIV.

Quieto, de fala molenga, Juarez anda praticamente se arrastando. Não costumava conversar com amigos e sempre se manteve isolado. Foi levado para o litoral pelo irmão, para que trabalhasse no preenchimento de gelo em carrinhos de vender cerveja.

Chegou no início de dezembro e ocupou um apartamento na avenida central de Santa Terezinha com outros ambulantes. Dormia em colchão no chão, comia em marmitex ou fazia lanches nas imediações. Nunca foi visto armado.

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