Vanessa Naves Quinteiro Lopes, 23 anos, foi condenada a 13 anos de reclusão, pela morte de Elizabeth das Graças Vilibruno, 41 anos, assassinada no dia 31 de maio de 1998, em São José dos Pinhais. O julgamento que começou às 9h30 de sexta-feira, terminou às 3h da madrugada de sábado, no Fórum de São José dos Pinhais. Os advogados de defesa, prometem recorrer da sentença.
Vanessa foi condenada apenas pela morte de Elizabeth, mãe de sua ex-namorada Ágata Precoma, que foi condenada há 29 anos de reclusão pelos crimes. Quanto à morte da avó de Ágata, Genoeva Précoma, 80, a ré foi absolvida por 7 votos a zero. A defesa não conseguiu provar que a jovem era menor na época do crime nem desqualificar o homicídio. Quatro dos sete jurados entenderam que foi um crime hediondo.
Arrependida
No início da manhã de sábado, na Delegacia de São José dos Pinhais, Vanessa aguardava sua remoção para a Penitenciária Feminina, em Piraquara, e falou com exclusividade para a Tribuna. Ela disse que está muito arrependida do que fez e alega que foi influenciada pela sua ex-namorada Ágata Precóma. “Fui ingênua. Ela já tinha tentado convencer outras pessoas a ajudá-la a matar a mãe, mas eu fui a única que cai nessa”, disse a criminosa. Ela lembrou que no dia do crime, um domingo, Ágata passou em casa por volta das 23h, no centro de São José dos Pinhais, para trocar de roupa. “Eu fiquei do lado de fora e ela entrou. Ouvi ela discutindo com a Beth, entrei e a vi agredindo a Ágata e fui defendê-la. A Beth segurou no meu pescoço e eu no dela, acabei matando-a. A Ágata a agrediu, mas quem matou fui eu. Foi coisa de momento”, recordou. Vanessa disse que enquanto ela lutava com Elizabeth, Ágata foi para o outro cômodo e matou a avó Genoeva.
Depois que as duas estavam mortas, Ágata arquitetou a cena do crime e Vanessa a ajudou. Elizabeth foi arrastada até a lavanderia e pendurada no batente, simulando um suicídio por enforcamento. Genoeva foi colocada na cama, coberta, dando a entender que tinha visto a filha e teve um ataque cardíaco.
O plano quase deu certo. Tanto que, quando as duas mulheres foram encontradas mortas na manhã seguinte, a cena encontrada no local fez a perícia deduzir que houve um suicídio e uma morte natural. A farsa foi descoberta com exames complementares realizados no Instituto Médico Legal.
Medo
Vanessa lembrou ainda que, após o crime, ficou com muito medo de que tudo fosse descoberto e comentou com Ágata. “Ela me falou que não estava preocupada pois já tinha asfixiado o filho de dois anos no berço, com o travesseiro. A Ágata disse que não sabia se sua vida seria melhor com a criança ou sem ela. Pensou no futuro e acreditou que viveria melhor sem o filho e o matou. Ela contou que foi fácil porque o menino tinha bronquite e asma”, comentou.
Vanessa disse que depois do crime descobriu que Elizabeth estava desconfiada que Ágata tinha tirado a vida da criança. “Uma amiga dela prestou depoimento e disse que ela já queria matar antes. A própria Ágata me disse que eu fui a única idiota que ela encontrou para ajudar a fazer isto”, salientou a jovem.
Família
Vanessa, que foi defendida pelos professores Cristiano Souza Neto e Peter Ferazi, e alunos do Curso de Direito da PUC de São José dos Pinhais, explicou que nunca foi abandonada por sua família. “A minha mãe me proibiu de ter até amizade com a Ágata. Ela já fazia programas amorosos desde os 14 anos e tinha engravidado. Eu não ouvia minha família e me dei mal. Mas nunca me abandonaram”, disse. “Quanto ao advogado, trocamos porque na realidade o outro defendia a Ágata e como eu era menor na época, fiz 18 anos no dia seguinte do crime, e a Ágata tinha 19, ele queria que eu confessasse que matei as duas sozinha, para inocentar a Ágata, que iria pagá-lo com o terreno no centro de São José dos Pinhais. Mas não concordei e recorri ao escritório modelo da PUC”, explicou a jovem.
Vanessa, que foi presa no dia 5 de junho de 1998, junto com Ágata, contou que o namoro das duas terminou logo após a prisão e apesar de estarem recolhidas na mesma penitenciária, não conversam. “Ela já arrumou outra pessoa lá dentro. Eu estou sozinha e pretendo ficar”, acrescentou.
