Em 15 anos, 2.368 homicídios cometidos no Paraná ficaram “ocultos” e não entraram nas estatísticas nacionais. São mortes decorrentes de assassinatos e, que por falhas no preenchimento, acabaram sendo erroneamente classificadas como “mortes violentas com causa indeterminada” no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). O número equivale a 6,3% dos 37,8 mil assassinatos registrados no estado entre 1996 e 2010.
As conclusões fazem parte do estudo “Mapa dos Homicídios Ocultos no Brasil”, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo o levantamento, 8,6 mil homicídios cometidos por ano no Brasil acabam ficando ocultos nas estatísticas do SIM -o que faz com que a taxa de homicídios no país seja 18,3% superior a que consta nos registros oficiais.
Cálculo
Os números foram calculados com base em 1,9 milhão de mortes no país. As descobertas fizeram com que alguns estados tivessem melhora nos registros, enquanto outros registraram aumento na taxa – como é o caso do Paraná. Levando-se em conta os assassinatos ocultos, a taxa de homicídios a cada 100 mil habitantes no estado passaria de 32,9 para 34,2, com base nos números de 2007 a 2010.
O pesquisador Daniel Cerqueira, autor do estudo, destaca a importância do SIM como “única fonte de informação no Brasil sobre violência com confiabilidade metodológica, transparência, com classificação uniforme entre todos os estados e periódica desde 1979”. No entanto, aponta a necessidade de uma maior articulação entre as organizações responsáveis pelas informações.
O Ministério da Saúde, responsável pelo Sistema, afirma que tem investido na capacitação de profissionais que atuam nos estados e na melhoria da coleta e análise de dados.