“Quero ser preso”, implorou ontem, na Delegacia de Homicídios, o autor confesso de um assassinato. Jair Gomes Fagundes, 44 anos, diz que só na cadeia estará livre de represálias por parte de parentes e amigos do homem que matou na última terça-feira, no Uberaba. O homicida, porém, não conseguiu seu objetivo e continua em liberdade.
Jair foi à Delegacia de Homicídios acompanhado de advogado. Ele confessou ter atirado em Nelso Pereira da Cruz, 34, na Rua Deputado Tenório Cavalcanti, Vila Marumbi. O ferido morreu uma hora depois, no Hospital Cajuru, e o acusado permaneceu escondido desde então. “Quero pagar pelo que fiz e ficar preso desde já. Tenho duas filhas para criar e é melhor a cadeia do que o risco de levar um tiro na rua”, disse o homem, que é dono de um bar. Jair foi informado por irmãos, moradores do Uberaba, que sua vida correr perigo se voltar ao bairro.
O acusado chegou a citar as ameaças ao delegado Jaime da Luz, responsável pelo inquérito. Mas, sem razão legal para uma solicitação de prisão temporária ou preventiva, o indiciado não pode ser preso. “Não existe essa opção, mesmo que o autor peça. Não discuto com o indiciado, tenho que fazer o que o processo penal determina”, explicou o delegado.
Lágrimas
O acusado contou que, através de fregueses, recebia ameaças de Nelso, que era companheiro de sua ex-mulher. “Uma vez ele veio em casa para tentar me agredir, mas minha ex-mulher não deixou”, disse Jair, que não permitiu ser fotografado.
O acusado confessa ter provocado Nelso na tarde de terça-feira, quando este passou em frente ao bar. “Chamei-o de mala”, contou. A vítima teria se aproximado e o comerciante mandou parar. “Puxei a arma, ainda travada, e falei que ia contar até três. Ele falou bem alto que eu não era homem para atirar. Atirei”, disse Jair, alegando que temia ser baleado porque a vítima estava com as mãos para trás.
Depois dos tiros, Jair apanhou sem consentimento a moto de um freguês do bar. “Não era para roubar, e sim para fugir. Larguei a moto na Vila Hauer e pedi para avisarem o dono”, falou o comerciante, que não conteve as lágrimas ao se apresentar à DH. “Só peço desculpas às minhas duas filhas por não poder mais cuidar delas”, chorou.
