Policiais Militares de Quatro Barras prenderam na noite de quinta-feira, o designer Gregor Smal, 39 anos, com armas e materiais relacionados ao exército nazista. “Estamos atrás do computador dele que um amigo teria tirado da casa. Gregor está preso por posse de arma de uso restrito e permitido, mas investigamos a possível ligação dele com o neonazismo, porque a região já tem histórico quanto a isso”, explica o delegado de Quatro Barras, José Vitor Pinhão.
Os policiais foram até a casa de Gregor, na zona rural, depois de receber denúncias que ele tinha muitas armas. No local, foram encontradas duas pistolas Luger (modelo usado pelos alemães na Segunda Guerra Mundial); uma arma em forma de caneta, calibre 22; três carabinas (calibres 38, 22 e 16) e um morteiro 81 milímetros.
Detonação
Marco Charneski |
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Gregor é preso com armas e artefatos de guerra, alguns deles usados por nazistas. Polícia investiga se há ligação com movimento ilegal, que matou casal há quatro anos. |
Gregor tinha afirmado que o morteiro estava desativado. Porém, o artefato foi detonado pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope) e, segundo os policiais militares que fizeram a detonação, tinha poder de explosão.
Na casa também foram apreendidas munições dos calibres 45, 38, 22, 9 milímetros e 765, além de medalhas cruz de ferro e de condecorações da Alemanha nazista, a bandeira usada no período em que Hitler comandava o país e soldados de chumbo alemães.
Gregor negou envolvimento com grupo neonazista ou que faça apologia ao nazismo e assegura que as armas não estão em condições de uso. O designer diz ser colecionador e justifica que o material foi comprado pela internet, de outros colecionadores. “Não faço apologia nenhuma ao nazismo. Sou colecionador, sou um militarista, gosto das coisas militares. Meu pai era do Batalhão de Guarda Presidencial do João Goulart e muitas coisas ganhei dele”, afirmou.
Registro
Ele alegou que está em processo de registro como colecionador de materiais militares. Gregor não quis comentar o desaparecimento de seu computador. “Estava preso quando levaram meu computador e não vou falar”.
A polícia também encontrou materiais de outros exércitos, mas não descarta a possibilidade de ligação com o neonazismo. “Apologia ao nazismo é racismo, está previsto em lei e não podemos descartar a investigação”, explicou o delegado.
Quatro anos sem julgamento
O histórico a que o delegado José Vitor Pinhão se referia era o assassinato de um casal por neonazistas, em 2009. Seis acusados do crime aguardam julgamento. Na próxima semana, o crime completa quatro anos e retoma a discussão da demora na marcação do júri.
Renata Waechter Ferreira, 21, e Bernardo Dayrell Pedroso, 24, foram mortos em 21 de abril de 2009, na BR-476, em Quatro Barras. O casal tinha ido a uma festa em comemoração aos 120 anos do ditador alemão Adolf Hitler, em Campina Grande do Sul, mas, segundo as investigações, foi atraído por Rosana Almeida e o namorado Gustavo Wendler, que pediram carona até Curitiba.
Outros
Também foram acusados de participação no crime, Ricardo Barollo, que seria o mandante do crime, Jairo Maciel Fischer, Rodrigo Motta e João Guilherme Correa. Na época, a polícia apreendeu um vasto material, incluindo documentos para criação de uma nação com princípios baseados na ideologia e doutrina nazista.
Marco Charneski |
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O detido disse ser colecionador, mas não explicou sumiço de computador. |
