O garçom Valdecir da Silva Fontoura, 43 anos, foi preso após manter a ex-mulher e a enteada, de 9 anos, reféns por cerca de três horas sob ameaça de um revólver na tarde de ontem, num condomínio na Rua Paulo Estephano Cavichiolo, Umbará. Três negociadores do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) convenceram o garçom – que ameaçava se matar – a se entregar e libertar as reféns, depois das 15h30. Valdecir ainda ameaçou duas vizinhas, uma delas foi feita de escudo quando a polícia chegou. As duas conseguiram se salvar e tomaram conta do filho do casal, de 3 anos.
Valdecir foi encaminhado à Delegacia da Mulher. No final da tarde, os policiais ainda conferiam o verdadeiro nome do garçom, uma vez que ele morou em outros países americanos e num da América Central teve problemas com a imigração. A arma com cinco munições intactas foi apreendida. A ex-mulher, acompanhada das vizinhas, também foi conduzida à delegacia, onde passaria por avaliação psicológica.
Relação
Valdecir e a garçonete Taís Geoavana da Silva, 31, ficaram casados durante cinco anos e há cerca de seis meses se separaram. O garçom não aceitava o fim do relacionamento e, por várias vezes, retornou ao condomínio para ameaçá-la. Há alguns dias, ele foi contido pela vizinhança. “Eram 5h. Ele pulou o muro e estourou a porta. Toda a mulherada da vizinhança se reuniu para bater nele”, contou Taiane Colaço do Vale, vizinha da vítima.
Na noite de Natal, vizinhos contaram que Valdecir foi até a casa de Taís para tentar reatar a relação. O homem retornou no final da manhã de ontem, só que armado. Vizinhos contam que casal começou a discutir e Valdecir sacou o revólver calibre 38. Taís e a enteada conseguiram correr para a casa da vizinha Rose, que chamou a polícia.
Escudo
Quando a viatura chegou, Valdecir fez Rose de escudo e a obrigou a entrar em casa, com a dona do condomínio, Taís e a enteada. Rose fazia o almoço, mas Valdecir impediu que ela desligasse o fogo. A fumaça tomou conta e os bombeiros foram chamados.
Sete viaturas do Bope e diversos policiais foram para o endereço. Valdecir liberou a enteada e ficou por mais duas horas com a ex-mulher até se entregar. “Ele dizia que amava muito a mulher e queria que ela voltasse para ele. Soubemos por terceiros que a intenção dele era se matar”, declarou o tenente-coronel Nerino Mariano de Brito.
“Preciso de ajuda”
Dentro da viatura, Valdecir ainda gritava pelo nome da ex e dizia que a amava muito. Além de garçom, Valdecir tinha uma loja de roupas usadas e viajou o mundo, trabalhando num cruzeiro. Depois da separação, ele disse ter vendido o brechó e passado a morar em seu carro.
Visivelmente desorientado, ele contou que conheceu Taís numa praia em Santa Catarina, em 2006, e afirmou que não pretendia matar a mulher ontem. “Fiz o que eu fiz porque queria saber se tirando a minha vida ela voltaria pra mim. Taís não tinha o mesmo amor que eu sentia por ela”. Ele negou que agrediu a mulher. Ele ainda afirmou que toma remédio para depressão. “Reconheço que preciso de ajuda”.
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