Dono de uma ficha criminal assustadora, na qual seu maior delito é ter assassinado com um tiro a própria mãe, Marco Antônio Augusto, 35 anos, foi preso no último dia 9, em cumprimento a um mandado de prisão expedido pela Justiça.
O crime aconteceu há 12 anos. Desde então ele vinha circulando livremente, aproveitando para ameaçar testemunhas – de forma a garantir sua liberdade – e vivendo às custas de extorsões que agora estão sendo denunciadas à polícia. Entre suas vítimas está um tio, que desde dezembro passado vive momentos de pavor, sendo ameaçado de morte. De outra família, ele estava exigindo
R$ 50 mil para não matar um casal de filhos. O temor destas pessoas, agora, é que ele saia da cadeia e cumpra o prometido: matar quem tente atravessar seu caminho.
A vida criminosa de Marco Antônio começou de forma precoce. Aos 13 anos ele já andava armado, era revoltado e não se conformava com as condições simples da família. Além de atirar contra um motorista de ônibus, brigar com um vizinho (agredindo-o), Marco também foi condenado a cinco anos de prisão, em regime fechado, pela Justiça de Vila Velha, Espirito Santo, de onde fugiu. Ele responde processos por uso de documento falso e falsidade ideológica. Somado a estes crimes e ao assassinato da mãe, o acusado é apontado como autor de graves ameaças e tentativas de extorsão.
O Ministério Público ofereceu denúncia contra ele, que já foi interrogado na 2.ª Vara Criminal, onde estão marcadas as oitivas das testemunhas de defesa e acusação em relação ao assassinato.
Crimes
No dia 18 de junho de 1994, o acusado chegou em casa, discutiu com a mãe, Ivone Bernardi da Silveira, 49, e atirou contra ela. Alegou que o disparo foi acidental e fugiu. O irmão dele e outros familiares também estavam na casa, mas por medo acobertaram a fuga. Segundo os familiares, Marco Antônio sempre gabou-se de ser amigo de policiais e por isso teria conseguido ficar tantos anos impune.
No final do ano passado ele voltou a agir e deu início à uma série de outras ameaças que desestruturaram, inclusive, a família do empresário curitibano Sadi Brunetta. Dono de carros luxuosos, como BMW e Mercedes, Marco Antônio se aproximou do filho de Sadi, que é proprietário de uma loja de aparelhos eletroeletrônicos. "Meu filho o tratava como cliente vip da loja. Uma vez sumiu um celular de R$ 2 mil e meu filho descobriu que Marco havia furtado o aparelho. Foi aí que começou o inferno", contou Sadi.
Desmascarado, o estelionatário foi até a casa do rapaz e o agrediu. Então passou a telefonar incessantemente para Sadi e pedir R$ 50 mil para deixar ele e seus dois filhos em paz. Caso Sadi não desse o dinheiro, o jovem de 19 anos e a menina – de 17 – seriam mortos. Temendo pela vida dos filhos, Sadi os fez deixar a cidade. Funcionários passaram a administrar a loja do filho de Sadi, e em outubro passado, o estabelecimento foi saqueado por Marco, que na ocasião estava acompanhado de policiais civis. Sadi levou as ameaças à polícia. Além dele, o tio de Marco, Antônio Augusto, também resolveu quebrar o silêncio e denunciar o vigarista.
Medo
Dono de três lanchonetes em terminais de ônibus de Curitiba, o o tio do acusado foi ameaçado de morte e obrigado a passar os imóveis para o nome de Marco, que garantiu que todas as pessoas que fossem denunciá-lo à polícia seriam mortas durante supostas tentativas de assalto.
As investigações dão conta ainda que Marco e policiais civis fariam parte de uma quadrilha responsável por desmanches de carros, tráfico de drogas, desvio de cargas e clonagem de cartões. Mediante estas denúncias, o Ministério Público pediu a prisão preventiva de Marco, cumprida pelo delegado Marcus Vinícius Michelotto, do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope). Ele está recolhido no Centro de Triagem. O promotor Licínio Corrêa também enviou um ofício à Promotoria de Investigação Criminal (PIC), para que o órgão investigue o possível envolvimento de Marco com policiais civis que o estariam ajudando nas extorsões.
As vítimas do criminoso dizem crer que outras pessoas devem ter sofrido ameaças e extorsões, e pedem que novas denúncias sejam feitas ao Cope através do telefone 3284-6562, ou pelo e-mail vitimasdemarcoantonio augusto@hotmail.com.