Dois meses depois de o corpo de uma jovem, de 29 anos, ser encontrado carbonizado às margens da BR-116, em Quatro Barras, policiais do Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial (Tigre) conseguiram desvendar o mistério.

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Lígia Maria Siqueira foi assassinada pelo namorado, o gerente comercial Marcelo Rodrigues Fin, 34 anos, que confessou ter atirado na cabeça da jovem e ateado fogo em seu corpo após uma discussão. A prisão contou com apoio de policiais civis de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, onde o suspeito estava refugiado.

Sem saber que a garota já estava morta, a família da vítima registrou seu desaparecimento na delegacia de São José dos Pinhais, sete dias após o encontro do corpo.

Apontado como principal suspeito, o namorado ainda tentou iludir os parentes da moça e passou um bom período usando a conta de Maria no MSN (programa de mensagens instantâneas pela internet) para simular que ela ainda estava viva.

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Porém, sua farsa teve fim quando ele se tornou o principal suspeito do crime. Marcelo foi preso no sábado, dia 19, em Campo Grande, onde mora sua ex-mulher, e confessou o assassinato da namorada.

Dentes

O delegado-chefe do Tigre, Renato Bastos Figueroa, revelou que o corpo, ainda sem identificação, estava prestes a ser enterrado como indigente, quando o caso foi desvendado. Uma semana após a prisão, a polícia confirmou que o cadáver era de Maria, pelo exame da arcada dentária feita no Instituto Médico-Legal (IML).

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Marcelo foi preso dirigindo uma caminhonete e indicou uma casa onde foram apreendidos um revólver calibre 38 municiado e um microcomputador. No disco rígido do PC foram localizadas conversas pelo MSN em que ele confessa ter matado a namorada. “Ele chegou a se hospedar num hotel em Cuiabá, fazendo check-in em nome da namorada, mas na verdade estava sozinho”, destacou o delegado.

Ciúme doentio foi motivo do crime

Redação

As investigações foram iniciadas na delegacia de São José dos Pinhais, onde o casal morava. Segundo a polícia, Marcelo e Maria tiveram relacionamento conturbado por cinco anos, com relatos de agressão física e vários rompimentos. “Marcelo tinha ciúme doentio da namorada”, contou o delegado.

Em 18 de dezembro, o detido afirmou que discutiu com a jovem. Sacou o revólver e atirou na cabeça da namorada. Em seguida, levou o corpo em sua caminhonete até a estrada, onde a jogou pelo barranco às margens da rodovia e ateou fogo para dificultar as investigações.

Fingimento

Logo após o crime, Marcelo fugiu para o Mato Grosso do Sul, onde mora a ex-mulher. “Ele tem três filhos com ela e disse que queria reatar”. Para despistar a polícia, continuou mantendo contato com a família da namorada morta.

“Ele mostrava fotos dela machucada e dizia que, quando melhorasse, voltaria para a família, o que nos fez acionar o Tigre, já que havia indício de sequestro, desaparecimento ou homicídio”, disse o delegado Gil Tesseroli, de São José dos Pinhais. Também chamou a atenção da polícia a família inteira dele ter fugido para o Centro-Oeste.

Dissimulado

O delegado Renato assegurou que Marcelo se mostrou dissimulado e chegou ao ponto de inventar que estava morto. “Ele fingiu ser uma terceira pessoa. Disse que havia morrido e o enterro seria na Bolívia. É assustadora a frieza com que cometeu o crime. O que revolta mais é que ele ficou protelando a dor da família por dois meses”, comentou Renato.

Com a materialidade do crime, Marcelo – que já tem passagem por lesão corporal – foi indicado por homicídio triplamente qualificado e encaminhado para a carceragem da delegacia. Hoje pela manhã está prevista a reconstituição do crime, com a participação de Marcelo.