Homem é morto por engano por policiais civis em Balsa Nova

Em uma desastrada operação policial, realizada na tarde de ontem – por volta das 13h – em Balsa Nova, policiais da Divisão Estadual de Narcóticos (Denarc) mataram a tiros João Mochinski, 50 anos, funcionário da Prefeitura daquele município, feriram Eziane Batista Veiga Zebleski e a filha dela, Bianca, de 5 anos. Ambas estão internadas no Hospital São Lucas, em Campo Largo.

Os três ocupavam o Passat cinza placa ADM-3469 e trafegavam pela estrada dos Pessegueiros, na localidade de Bugre, quando foram surpreendidos pelos investigadores, que faziam uma barreira para tentar interceptar um carregamento de 140 quilos de maconha.

Como os policiais estavam com carros descaracterizados, João provavelmente pensou se tratar de um assalto e aumentou a velocidade ao receber ordem de parada. Perseguido, teve o carro crivado de balas. ?Só na traseira do carro contaram 14 tiros?, afirmou Ronaldo Mochinski, filho caçula de João. Um dos tiros atingiu o motorista no tórax, matando-o na hora. Liziane foi ferida de raspão, no ombro, e a garotinha levou um tiro no quadril. Na noite de ontem, o hospital informou que o estado das duas era estável.

Erro

De acordo com a polícia e com a nota emitida pela Secretaria da Segurança Pública, policiais do Denarc investigavam uma quadrilha envolvida com facções criminosas, que atuam em todo o País, e que deveria passar pelo local com 140 quilos de maconha. As informações sobre a quadrilha teriam sido obtidas através de investigações e escutas telefônicas. Para interceptar os traficantes, foi montada uma barreira na zona rural.

João teria atendido a um pedido de Eziane, que estava no ponto de ônibus e solicitou carona para ir até Campo Largo, onde estuda. No trajeto, coincidindo com o horário em que supostamente passaria o carro dos traficantes com a droga, os policiais o avistaram e tentaram fazê-lo parar. Não se sabe como foi feita a abordagem. Os policiais dizem que mostraram as insígnias, estavam com giroflex ligado e pediram claramente que ele parasse o carro.

A própria Eziane, ouvida ontem mesmo pela polícia, disse que uma viatura emparelhou com o Passat e ela até sugeriu que parassem. Mas João, assustado, acelerou, achando que eram ladrões, e foi perseguido. Porém, mais à frente havia outro veículo policial, também descaracterizado. João tentou passar pelo carro. Com isso os policiais abriram fogo.

Socorro

Quando perceberam o erro, os investigadores prestaram socorro às vítimas, deixando o Passat na estrada. Somente horas depois o carro foi levado ao Instituto de Criminalística, para perícia. As armas dos policiais também deverão ser apreendidas e submetidas à balística.

Inquérito policial foi instaurado na delegacia de Campo Largo e será presidido, em caráter especial, pelo delegado Robson Barreto, do Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce). Segundo ele, a ordem superior é para que o inquérito seja ágil, rigoroso e transparente.

Luto e revolta

?Balsa Nova está de luto. Ninguém acredita no que aconteceu?, comentaram vários amigos da vítima, revoltados com a ação da polícia. João era pessoa benquista e atualmente cuidava de um campo de futebol, no Bugre. Casado com Marli Gonçalves Mochinski, era pai de Ricardo, Roberson e Ronaldo, todos lutadores de caratê. Ricardo, inclusive, foi aprovado recentemente no concurso para Guarda Municipal de Campo Largo. Ele morava no bairro São Caetano.

De acordo com informações de amigos, João também era faixa-preta na mesma arte marcial e incentivava os filhos a praticar a luta, assim como trabalhava bastante no campo de futebol, sendo o esporte sua grande paixão.

O corpo, após examinado no Instituto Médico-Legal, foi levado para a Capela do Bugre, para o velório. O sepultamento será hoje.

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