Por pouco, o consultor em gestão de saúde Haroldo Alves de Oliveira, 52 anos, não teve que tirar toda a roupa para fazer um depósito na agência do Banco do Brasil, da Avenida Sete de Setembro, próximo à Rua Bento Viana. Sentindo-se humilhado, ele chamou a imprensa. O gerente do banco, que disse que Haroldo deveria ir para casa trocar de roupa, não quis se manifestar sobre a confusão.
Haroldo chegou na agência por volta das 13h. Deixou o guarda-chuvas, o molho de chaves e o celular no compartimento ao lado da porta giratória e tentou entrar no banco. A porta travou e os segurança pediram para que ele deixasse seus outros pertences ali. Haroldo mostrou a sacola que carregava, com duas calça de tecido que havia acabado de comprar, e entregou sua carteira. A porta travou novamente e ele pediu para que algum responsável pelo banco fosse chamado.
Constrangimento
A mulher, que se intitulou subgerente e não divulgou seu nome, não liberou a entrada e pediu para que Haroldo deixasse tudo o que tinha ali. O consultor entregou moedas e até mesmo três pacotes de preservativos. Mais uma vez foi barrado. Ele então tirou o cachecol, a blusa, o casaco e seu cinto para conseguir entrar no banco. Só assim a porta foi liberada. ?Era a fivela do cinto que estava travando. Ela poderia ter evitado esse constrangimento, pedindo simplesmente para os vigilantes liberarem a porta?, contou indignado.
Átila Alberti |
Gerente não deixou cliente manter seus pertences consigo. |
Já dentro do banco, ele pediu para apanhar suas roupas, que ficaram do outro lado do vidro, jogadas no chão. Mas uma vez foi impedido. Haroldo então recorreu ao gerente, chamado César, e ouviu que o melhor seria ele voltar para casa e trocar de roupa. Irritado, começou a falar alto com o gerente. Os funcionários chamaram a Polícia Militar. ?Fui humilhado e ainda fiquei com quatro policiais ao meu lado como se eu fosse um marginal?, dizia.
BO
Por fim, Haroldo aproveitou a presença dos PMs para registrar um boletim de ocorrência contra a agência. ?Sou negro. Prefiro não acreditar que isso foi preconceito. Foi falta de bom senso e de cidadania me barrar por causa de uma fivela. Então quer dizer que ninguém pode vir ao banco de cinto? Isso é uma vergonha?, finalizou o consultor, que irá acionar advogados para estudar a melhor maneira de acionar o Banco do Brasil.
O gerente da agência não quis conversar com a reportagem, que foi convidada a se retirar de dentro da agência.