Willian Tiago de Queiroz, 23 anos, venceu o vício em drogas e, há cerca de dois anos, deixou para trás a vida de assaltos e de usuário. Recuperou-se, tornou-se evangélico, casou, arrumou emprego e é respeitado por quem quer sair da vida marginal. Mas, por causa de seu passado, Willian voltou para a cadeia.
O delegado Rubens Recalcatti chamou o rapaz até a Delegacia de Homicídios (DH), na segunda-feira, como testemunha de um assassinato ocorrido este ano. Durante o depoimento, policiais verificaram que ele tinha um mandado de prisão condenatório por roubo. Willian não nega os crimes do passado. Pelo contrário, confirma seus erros e diz que estava ciente que poderia voltar à cadeia.
Sinceridade
Ele contou ao Paraná Online que, por seis anos, foi viciado em todo tipo de entorpecente. “A droga, você vive para ela”, relatou. Para conseguir comprá-la, chegou a cometer oito assaltos por dia. Roubava de tudo, de estações-tubos a carros. Mas afirma nunca ter machucado ninguém. Só fingia que estava armado, para conseguir dinheiro.
Por estes crimes, foi preso em 2009 e hoje responde a quatro processos. Por um deles, estava em liberdade provisória e mensalmente se apresentava à Justiça. “Fui ao Fórum no mês passado e não sabia que tinha esta prisão. Em dois processos eu consegui habeas corpus. Neste, agora, soube que saiu o mandado porque fui condenado (seis anos e oito meses)”, disse Wilian. Ele garante que vai cumprir tudo o que deve e voltará à vida longe dos crimes. “Vou contar meu exemplo na cadeia. Também vou evangelizar lá dentro”.
Na cadeia, Willian explicou que, como é muito difícil a entrada de drogas, passou por uma fase de abstinência. “Depois de 60 dias, aquela necessidade do corpo passa e você pode começar a lutar contra as drogas só com a mente”, disse o rapaz. Ele relatou que se tornou evangélico na cadeia e colocou na cabeça que largaria a vida de crimes e vício. Quando saiu, passou a frequentar uma igreja evangélica.
Recomeço
“O que me ajudou mesmo foram as minhas amizades na igreja. Me afastei totalmente das antigas amizades, me agarrei a Deus e meus amigos me deram todo o apoio que precisei”, afirma, orgulhoso. Durante essa fase, Willian se apaixonou por uma jovem. “Ela sabia da minha história. Achei que não ia querer casar comigo. Mas ela me entendeu, acreditou em mim e me aceitou”, disse o rapaz.
Willian também conseguiu um bom emprego numa fábrica de botas plásticas e já recebeu elogios do patrão. “Falei para ele que já tinha sido preso. Mesmo assim, ele decidiu me dar a oportunidade. Hoje, diz que eu trabalho melhor que muitos funcionários que não tem um histórico igual ao meu”.