Do início do ano até ontem, a Polícia Federal (PF) em Guaíra, no oeste do Estado, abriu 200 inquéritos para investigar casos de contrabando, descaminho e tráfico de armas e drogas registrados na região, uma das portas de entrada do Paraguai. Segundo o delegado Érico Ricardo Saconato, o número é espantoso, já que em todo o ano de 2006 foram registrados 420 inquéritos. ?Seguindo a situação atual, fecharemos 2007 com mais do dobro do ano anterior, isso sem contar as apreensões e prisões?, afirma.
Saconato explica que o registro desses crimes na região disparou depois que o governo federal aumentou a repressão em Foz do Iguaçu, especialmente com a adoção da ?superaduana?. ?Outro fator que contribuiu muito foi a construção de uma rodovia ligando Ciudad del Este até Salto del Guayra (cidade paraguaia vizinha a Guaíra). Agora os sacoleiros e contrabandistas entram por Foz, fazem as compras e os comerciantes se comprometem a entregar em Salto del Guayra. Depois basta vir retirar os produtos?, revela.
O delegado afirma que a cidade é carente em recursos e infra-estrutura para realizar a repressão a esses crimes. ?Enquanto Foz tem toda a estrutura dos órgãos federais, nós aqui ainda precisamos terminar a delegacia da PF e, mesmo com duas rodovias federais, não temos nem Polícia Rodoviária Federal?, enumera. Ontem, o delegado participou de uma reunião com o juiz federal em Umuarama, distante 110 quilômetros de Guaíra, para buscar apoio para as mudanças que julga necessárias à cidade.
?Já existe respaldo da PF, mas iremos preparar um dossiê sobre a situação para entregar à Secretaria da Segurança Pública do Paraná (Sesp) buscando o apoio do Estado para melhorar todo o aparato da região?, diz.
Saconato explica que Guaíra precisará de uma companhia inteira da Polícia Militar, da criação de uma subdivisão da Polícia Civil e até mesmo de uma Vara Federal. ?Do jeito que está, a PF precisa viajar todo o dia para Umuarama, onde fica a vara mais próxima, para realizar audiência de presos?.
Apreensões
Ontem, a PF em Guaíra apreendeu uma caminhonete carregada de munição que entrava no Brasil vindo do Paraguai. Segundo o delegado, se tornou rotina os agentes se depararem com este tipo de carregamento, mas o poderio das armas assusta. ?Em novembro do ano passado, apreendemos uma metralhadora e até um lança-foguetes antitanque. No mês passado foi a vez de um carregamento de munição, destinadas a metralhadoras de uso exclusivo das Forças Armadas?, conta. ?Acho que nem em Foz a PF se deparava com tanto poderio?, completa.