Grupo de estelionatários continua em operação

Maria Mid Mokfa, 82 anos, recebeu esta semana um telefonema informando que teria direito a receber R$ 87 mil, porque o marido contribuiu por muitos anos para um plano de previdência do governo federal, que hoje não existe mais. Mas para isso teria que se deslocar até Brasília. Sem entender muita coisa, ela disse que passaria o telefone para o genro. No entanto, o homem no outro lado da linha disse que ligaria outro dia e desligou.

A situação pode se tratar de um golpe, semelhante ao que já ocorreu na Região Metropolitana de Curitiba. O inquérito para apurar o caso foi instaurado em maio. Treze pessoas foram indiciadas: cinco estão presas e há outros três pedidos de prisão aguardando resposta da Justiça.

A delegada adjunta da Delegacia de Estelionato de Curitiba, Vanessa Alice, afirma que se trata de uma quadrilha paranaense que age em todo o País. Segundo ela, os envolvidos já trabalharam em planos de previdência privados que não existem mais e, com os dados cadastrais dos segurados em mãos, têm certa facilidade para enganar as pessoas, preferencialmente idosos. No caso da quadrilha que está sendo desmantelada, eles diziam que representavam os planos privados Montepio e GBOEx.

A delegada explica que os estelionatários informam às pessoas que só vão poder liberar o dinheiro depois que elas fizerem um depósito de 10% do valor a ser recebido em uma conta indicada. Para se garantir, o segurado faz uma consulta na sua conta corrente e verifica que o montante realmente está lá e resolve depositar os 10%. No entanto, no outro dia, o dinheiro some da conta. Os falsários usam cheques roubados para realizar a operação.

Reincidência

Segundo a delegada, foi fácil chegar à quadrilha porque eles usaram os mesmos números de telefones usados em outro golpe, que já tinha sido descoberto. Eles pegavam os dados das pessoas em jornais e avisavam que, se elas depositassem certa quantia, os títulos não seriam protestados. Para evitar a dor de cabeça, as pessoas pagavam os valores pedidos. Só em 2003, 33 pessoas foram vítimas no Paraná. Mesmo tendo sido desmantelada, a quadrilha ainda continua agindo. Existe a possibilidade de que eles tenham tentado fazer de Maria mais uma vítima: “São três cabeças, nós já prendemos um”, revela a delegada.

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