O sonho de tentar trabalhar em um país estrangeiro, em busca de melhores condições de vida, tornou-se uma frustração para pelo menos 18 pessoas. Através de anúncios que prometiam trabalho em Portugal, veiculados em jornal da capital, essas pessoas foram lesadas e o proprietário da empresa que comercializava as viagens ao exterior foi detido, acusado de crime de estelionato.
Ronaldo Magalhães Machado, 27 anos, possui a empresa KR World Turismo, que agenciava empregos em Portugal, mediante o pagamento de taxas. Ele conseguia a atenção das vítimas através de anúncios publicados em jornais. Os interessados procuravam a empresa na Rua Alberto Klentz, bairro Portão, para tratar dos documentos necessários para a viagem e do trabalho em Portugal.
Taxas
Ronaldo ficava com o “curriculum vitae” da vítima, mediante o pagamento de uma taxa de R$ 10,00, e informava que mandaria o documento para ser analisado no país europeu. Poucos dias depois, o empresário ligava para a vítima e informava que ela tinha sido qualificada e poderia trabalhar em Portugal. “Mas para isso, a pessoa deveria passar na agência para acertar detalhes referentes à documentação necessária e pagar por esse serviço, além de acertar outras taxas”, informou o delegado Hertel Rehbein, titular do 8.º Distrito Policial (Portão). De acordo com os 18 boletins de ocorrência registrados na delegacia, as taxas pagas variam entre R$ 180,00 e R$ 1.800,00.
Ronaldo e a mulher dele, Kelly Salles, possuem mandado de prisão expedido pela 1.ª Vara Criminal de São Paulo, por estelionato. Eles teriam cometido o mesmo crime na capital paulista e após serem denunciados à Justiça vieram para Curitiba. O casal está aqui desde outubro de 2003, trabalhando com a falsa agência de turismo.
Defesa
Ronaldo foi denunciado pela própria sogra, que inclusive enviou a filha (Kelly) para São Paulo. Apesar de estar trabalhando em Curitiba há quase seis meses, nenhum dos clientes da agência de Ronaldo conseguiu embarcar para Portugal para trabalhar lá. O detido se defende das acusações e diz que não lesou ninguém. Diz inclusive que um dos seus clientes chegou a ir para Portugal e foi deportado. “Não tenho culpa dele ter sido deportado. Cumpri com meu serviço”, se defende. Ronaldo diz que sua empresa em Curitiba é a mesma que funcionava em São Paulo e que está legalizada. Conta que não ficou com os cheques dados pelos clientes que compravam as passagens para Portugal de forma financiada. “Os cheques estão com a operadora de turismo com a qual trabalho. Não fico com nada. Ganho apenas 12% sobre a venda do pacote aéreo e taxas para o vínculo de trabalho em Portugal e carteira internacional de habilitação”, afirma.