Um mal-entendido movimentou ontem o comando da Polícia Militar, em Curitiba. A confusão começou após um casal ter sido vítima do golpe do falso seqüestro por telefone na segunda-feira pela manhã. De acordo com o tenente-coronel Jorge Costa Filho, chefe do setor de Comunicação Social da PM, o problema começou quando o telefone da vítima foi usado pelos bandidos através do sistema ?siga-me?. A operadora de telefonia à qual pertence o celular da dona-de-casa informou que não se trata de clonagem e sim do golpe que usa o sistema ?siga-me?.
A polícia foi avisada do suposto seqüestro, mas ao tentar entrar em contato com os golpistas, acabou falando com a vítima por engano. A confusão fez com que o casal procurasse a imprensa ontem pela manhã e denunciasse que os golpistas estavam usando o telefone da central da Polícia Militar (PM) do Paraná para aplicar golpes. A notícia chegou a ser divulgada por alguns órgãos de comunicação, o que fez com que o comando da PM se manifestasse em entrevista coletiva na tarde de ontem. ?Tudo não passou de um grande mal-entendido que envolveu a PM nesta acusação precipitada de falso seqüestro. A PM, quando telefonou para o celular, foi atendida pelos bandidos. Depois ligamos de novo e foi o marido da vítima que atendeu, pois os criminosos perceberam que era a polícia ligando. O marido dela então foi confundido pelos PMs como sendo o golpista. Essa é a confusão que descarta completamente a hipótese de um policial militar ter aplicado o golpe do falso seqüestro?, disse o coronel Costa.
De acordo com o próprio depoimento da dona-de-casa, por volta das 9h de segunda-feira, ela recebeu um telefonema de um suposto atendente de uma operadora de telefonia celular. Nesse telefonema, ela teria confirmado vários dados cadastrais e ainda discado para um número a pedido dos bandidos. O sistema ?siga-me? pode ter sido acionado nesse momento. ?Eles acionam esse sistema para que as pessoas amigas da vítima possam achar realmente que ela está em poder dos criminosos, quando na verdade apenas a ligação é atendida pelos bandidos?, explicou Costa.
Na seqüência, a vítima conta que recebeu outro telefonema, dessa vez no telefone fixo de sua casa, em que os bandidos diziam que haviam seqüestrado seu cunhado e pediam R$ 5 mil para libertá-lo. A mulher então ligou para o telefone de emergência 190 e foi orientada pelo atendente a não ceder às ameaças. Na seqüência, a dona-de-casa conseguiu contato com seu cunhado, mas as ameaças não pararam. Foi então que ela mesma, do seu aparelho fixo, telefonou para o seu celular para fazer um teste e os bandidos atenderam. A mulher registrou queixa na delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, sobre os ?problemas? com seu celular.
?Como no período da manhã os policiais militares que atenderam à denúncia feita pela vítima, retornaram a ligação para o celular, acabaram falando com um dos golpistas. Como são os mesmos policiais que trabalham de manhã e retornam ao turno da noite, ao reassumir o serviço, voltaram a fazer contato com o número do celular. Um homem atendeu. Eles pensaram ser o falso seqüestrador e acabaram tendo uma conversa não tão amistosa. Porém, falavam com o marido da vítima?, explicou o coronel. Nesse momento, os policiais confundiram o marido dela com os criminosos e o ameaçaram. ?Ficou esclarecido que foi um erro?, explicou Costa.