Investigação

Gestor da delegacia de Campo Magro é preso

O subtenente da Polícia Militar que tocava a delegacia de Campo Magro foi preso, suspeito de desviar peças de carros e armas apreendidas. Outras três pessoas que atuavam como se fossem policiais (os chamados “bate-paus”) foram presas pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná. O promotor de Justiça e coordenador do Gaeco, Leonir Batisti, preferiu não divulgar o nome dos presos até que eles sejam processados.

As investigações começaram há cerca de dois meses, a partir de denúncias de desvio e uso indevido de veículos e armas apreendidos na delegacia. Foram expedidos quatro mandados de prisão preventiva.

Três foram cumpridos na quarta-feira contra o ex-gestor e dois “bate-paus”. Um deles, inclusive, já havia sido preso em flagrante mês passado. Outro suspeito continua foragido.

Preparo

Os “funcionários”, que segundo o Gaeco não são concursados e não tinham preparo para as funções, realizavam operações para apreender armas e veículos irregulares e, depois, cada um ficava com uma parte do que fosse arrecadado.

Um dos veículos, roubado em Cerro Azul, em 24 de novembro do ano passado, foi recuperado no dia seguinte. Segundo o MP, ele chegou funcionando perfeitamente na delegacia e, hoje, apenas sua carcaça está no pátio da unidade.

Um dos detidos é mecânico e vai responder por receptação. O outro “bate-pau” foi preso por desacato e porte de acessório de arma de uso restrito (luneta). Na casa dele, os policiais encontraram várias armas de fogo e o motor de um veículo apreendido que foi instalado em seu carro particular.

O ex-gestor deverá responder por receptação. A Secretaria da Segurança Pública afirmou que os “bate-paus” presos eram cedidos pela prefeitura para serviços administrativos, o que não é irregular.

Delegados se desdobram

A Secretaria da Segurança Pública (Sesp) informou, por meio de nota, que em nenhum momento a delegacia de Campo Magro esteve sem o comando de um delegado, e que o subtenente trabalhava no atendimento ao público e em apoio à Polícia Civil.

A partir de maio, quem assumiu a unidade foi o delegado Artem Dach, titular de Colombo. “Venho todo dia para cá (Campo Magro). É caminho de casa”, contou ontem. Ele disse que já nomeou um sargento de sua confiança para ficar no lugar do subtenente.

“Ele será meu superintendente”, disse Artem, que responde provisoriamente por Tunas do Paraná, Adrianópolis e Bocaiuva do Sul, porque o delegado desta última delegacia que “gerencia” as outras duas está em férias.

Em março, a delegada Marcia Rejane Marcondes, que era do Alto Maracanã, respondeu interinamente pela delegacia, até ser presa no mesmo mês, acusada de extorsão. Com ela, outros “bate-paus” foram presos. Em abril, seis presos fugiram da delegacia de Campo Magro, que estava superlotada.

Gestor é mais barato

De acordo com o promotor Leonir Batisti, a figura do gestor da delegacia não é ilegal e virou uma alternativa para cidades com poucos habitantes. “O ideal seria que todas mantivessem um delegado em vez do gestor, mas o salário de delegado gira em torno de R$ 12 mil a R$ 15 mil e para um tenente, normalmente reformado, paga-se R$ 2 a R$ 3 mil”, explicou o promotor.

Quanto aos “bate-paus”, o promotor informou que muitos deles são pessoas conhecidas na região, que recebem propina ou agrados da população para se sustentarem.

Batisti afirmou que essa é uma prática comum, por conta do baixo efetivo nas delegacias. “Em tese, como eles se passam por funcionário público, estão cometendo usurpação de função”, disse.

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