Depois de prender Luiz da Silva Pinto, o “Verê”, 27 anos, apontado como “gerente” do tráfico de drogas na Vila Nossa Senhora da Luz, Cidade Industrial, a polícia procura agora Eder de Souza Conde, acusado de chefiar um dos principais grupos que comercializa drogas no Paraná. O advogado de Eder e Verê, Peter Amaro de Souza, alega que seus clientes são inocentes. “O Eder é tão inocente, que vai se apresentar nos próximos dias”, prometeu o defensor.

Prisão

A ação conjunta do 13.º Batalhão da Polícia Militar e da Divisão de Narcóticos (Dinarc) ocorreu domingo de manhã, num campo de futebol, na Fazendinha. Há dois finais de semana policiais faziam campana na cancha para capturar “Verê”, que havia montado um time. “Não foi fácil, já que a foto que tínhamos dele era antiga”, disse o delegado titular da Dinarc, Luiz Antônio Zavataro. O acusado foi preso sem oferecer resistência. Ele acredita que Eder ficou abalado com a prisão de “Verê”.

Segundo Zavataro, “Verê” respondia inquérito por homicídio e tinha mandado de prisão por tráfico há alguns meses. O delegado afirma que ele é o gerente do grupo chefiado por Éder. “É uma quadrilha com grande poder financeiro, inclusive para corromper autoridades. Por isso era difícil prendê-lo”, disse Zavattaro, acrescentando que policiais civis e militares são suspeitos de associação com o narcotráfico na região.

O advogado disse que a prisão de seus clientes foi decretada por porte ilegal de arma e associação para o tráfico de drogas. “Não tem nada disso que a polícia está falando. Se eles são traficantes onde está a droga?”, indagou Peter. “Não tem materialidade”, argumentou a advogada Heloísa Hass, que também cuida do caso.

Helicóptero

Segundo o delegado, Éder e seus comandados iniciaram as atividades na Vila Nossa Senhora da Luz e já expandiram seu campo de ação para outros pontos da Capital e Região Metropolitana. “São ?clínicos gerais? (comercializam diferentes tipos de entorpecentes). Mas o que dá maior lucro é o crack”, afirmou o delegado. Eder seria ainda dono de um helicóptero e teria retirado recentemente o brevê de piloto. “Já foi falado muito de helicóptero, mas onde está. Todo mundo fala mas ninguém prova nada”, retrucou o defensor.

Zavatarro lembrou que o grupo é suspeito também do assassinato da traficante Eva Antônia Silveira Costa, a “Evinha do Pó” – morta a tiros em 10 de março de 2002 -, e também de um filho e de um sobrinho dela. “Este inquérito está arquivado”, emendou o advogado.

Inocente

Verê falou ontem com exclusividade à Tribuna. Ele alegou que não tem envolvimento com o tráfico de drogas. “Eu nem sabia que estavam me procurando. Tanto que desde o início do ano montei um time de futebol lá na vila. A entrada era um quilo de alimentos”, comentou o acusado, que foi preso quando disputava o campeonato.

Ele informou que é amigo de infância de Eder. “Estão me acusando porque há sete anos eu vi o Nando, filho da Evinha, matando um tal de Pedrinho em frente a minha lanchonete. Ficaram com raiva e passaram a me denunciar. Eu era comerciante. Agora estou desempregado, mas vou provar minha inocência”, garantiu.

IML divulga exames

O Instituto Médico Legal de Curitiba divulgou ontem o resultado dos exames toxicológicos realizados em 38 policiais lotados na Delegacia Antitóxicos e na Divisão de Narcóticos (Dinarc), a pedido do delegado Luiz Antônio Zavataro. Apenas um exame apresentou irregularidades e deverá ser feito novamente. No entanto, Zavataro irá pedir a transferência do policial para outra unidade, para afastar qualquer suspeita com relação à equipe.

“Quem trabalha no combate ao uso de entorpecentes não pode fazer uso de droga. É um contra-senso”, afirmou o delegado, que tomou a atitude tão logo assumiu como titular da Dinarc, em fevereiro deste ano. Ele convocou os policiais a comparecerem expontaneamente no IML, para coleta de material (sangue) para a realização dos exames. “A presença dos investigadores e delegados foi maior do que o esperado”, afirmou. Apesar da demora na divulgação do resultado, ele foi positivo na avaliação de Zavataro, que poderá repetir a experiência em um futuro próximo.

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