A vida desregrada que o garoto André do Prado Vieira, 15 anos, resolveu assumir depois de se envolver com usuários de drogas durou muito pouco: apenas oito meses.
Viciado, foi assassinado com sete tiros de escopeta calibre 12, na madrugada de ontem, na Vila Verde, CIC. Seu corpo foi encontrado pouco depois das 10h, no final da Rua José Armindo de Paulo, ao lado de um valetão, num carreiro no meio do mato.
Uma criança que soltava pipa encontrou o cadáver que apresentava várias perfurações. O caminho no mato é usado por moradores para atravessar o valetão e chegar à rodovia, e também por viciados, que à noite aproveitam a escuridão para consumir drogas.
Amigos
No local, contou o soldado Fischer, havia cartuchos de escopeta calibre 12 e marcas de tiros na cintura, peito e ombros de André. Mesmo diante de tamanha violência, os moradores insistiram em dizer que sequer ouviram barulho de tiros.
Uma tia de André estava desolada no local. Ela contou que a família descobriu o vício do adolescente há cerca de oito meses. “Ele me disse que estava só na maconha, mas que estava saindo da droga”, disse a mulher, em meio as lágrimas.
Já um tio do garoto, Oscar do Nascimento, soube que André estava em companhia de amigos quando foi morto, e que estes jovens certamente sabem quem é o autor. “Ninguém conta nada. Sabe como é, a lei do silêncio manda aqui”, lamentou o tio.
Indignação
A perita Jussara Joeckel, do Instituto de Criminalística, que há 15 anos trabalha periciando locais de morte, mostrou-se indignada com a violência empregada contra o garoto.
“Esta arma é de grande porte, que daria para matar seis elefantes, e foi usada cruelmente contra um menino que não chegava a pesar nem 50 quilos. Foi uma brutalidade”, disse ela, salientando que há necessidade de uma imediata interferência das autoridades e da comunidade para coibir tais crimes, que estão chegando às raias do absurdo.