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A jovem Daniele não quis aparecer
na foto, pois sua adaptação
ainda está sendo difícil.

Esta será uma passagem de ano diferente para a família de Terezinha de Jesus Batista, 65 anos. A neta dela, seqüestrada há 14 anos em uma maternidade de Santos, São Paulo, foi encontrada e, esta semana, chegou para morar com a verdadeira família, em Curitiba. Segundo a avó, a adaptação de Daniele está sendo difícil, mas ela tem certeza de que o carinho dos irmãos, tios e primos vai ajudá-la a superar o problema. A mãe da adolescente, Márcia Aparecida Jeremias, morreu em 1998 e, um dia antes de falecer, pediu a uma das irmãs que continuasse a procura pela filha.

Daniele foi seqüestrada quando tinha apenas três dias de vida. A seqüestradora, Silvânia Clarindo de Souza, foi presa este ano pela polícia paulista, acusada de ter cometido mais dois crimes iguais. Ela tirou as crianças dos braços das mães no mesmo hospital, o Guilherme Álvaro, de onde também roubou Daniele. Ela se dizia enfermeira e pedia as crianças para realizar exames de rotina. Além disto, disse ter recebido outra criança da mãe em troca de um barraco no valor de R$ 4 mil.

Mistério

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O mistério do seqüestro de Daniele começou a ser desvendado este ano. A tia da menina, Roseli do Rocio Machado, 46 anos, conta que em fevereiro viu uma reportagem, em cadeia nacional, falando sobre os crimes praticados pela seqüestradora. Uma das crianças se encaixava no perfil de Daniele, que deveria ter recebido o nome de Vanessa, segundo a vontade da mãe biológica. Eles entraram em contato com a polícia de São Paulo e em junho fizeram os testes de DNA para comprovar o parentesco.

Desde então, a família vinha aguardando com ansiedade o reencontro. Para Roseli, fica o sentimento de missão cumprida. Ela acompanhou todo o drama da mãe da menina após o seqüestro. Lembra que, na época, Márcia contou que havia aparecido uma mulher que lhe pediu a filha e alguns dias depois a menina foi levada.

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Promessa

Roseli acha que a depressão agravou o estado de saúde de Márcia e por isto ela veio a falecer. Um dia antes de morrer fez a irmã prometer que continuaria a busca pela menina. "Estou feliz por tudo ter terminado. Acho até que foi a mãe dela que ajudou a encontrá-la", fala Roseli.

O primeiro encontro da família com Daniele foi em junho passado, depois que os testes de DNA deram positivo. Mas só agora, em dezembro, a guarda da menina foi entregue à família. "Achei que demorou muito tempo. Depois que a mãe foi presa ela ficou com a outra avó. Mas eu era a avó verdadeira. Eu estava revoltada com a situação. Agora tudo acabou e estou muito feliz", comenta Terezinha.

Os primeiros dias com a nova família estão sendo difíceis. "Nós estamos felizes, mas ela ainda está revoltada com a situação. É como se abrisse um buraco e engolisse tudo o que ela tinha. Temos que ter paciência", fala Roseli. A avó acha que o carinho da família vai ajudar a menina a se adaptar à nova vida. Daniele ainda está fragilizada e não quis dar entrevistas.