Gangues fazem uma vítima atrás da outra no São Braz

Mais três pessoas foram vítimas da briga entre as gangues Vila do Sapo (VDS) e Comando do Extermínio (CDE), no São Braz, na noite de domingo. Somente na semana passada, quatro pessoas foram baleadas. Cristiano de Freitas de Oliveira, 21 anos, supostamente integrante da CDE, foi assassinado a tiros, por volta de 18h, na esquina das Ruas Nelson Thomaz e Milton Carlos de Oliveira, Jardim Montana.

O homicídio desencadeou mais dois crimes na região. Na Rua Ney Romanó, Diego dos Santos, 18, conhecido como “Nego Bala” e pertencente a VDS, foi ferido com dois tiros na barriga e um no pescoço.

Na mesma hora, um mecânico, morador na Rua Cândido Hartmann, teve seu carro atingido com quatro tiros nos vidros e ele foi ferido com os estilhaços. Diego e o mecânico foram levados para o Hospital Evangélico pelos Siate.

Fuga

Segundo testemunhas, depois de perseguição pelas ruas do Jardim Montana, Cristiano foi baleado e tentou refugiar-se no Bar do Umuarama. “O bar estava cheio. Só vimos quando ele chegou perto da mesa de sinuca e caiu morto”, contou o dono do bar.

Segundo o cabo Brito e o soldado Cícero, do 12.º Batalhão de Polícia Militar, o rapaz não tinha passagens pela polícia e trabalhava em um lava-rápido, na Rua Toaldo Túlio. Brito disse que testemunhas afirmaram que o autor era um rapaz identificado como “Danilinho” e estava em um carro escuro.

Os investigadores Célia e Osmair, da Delegacia de Homicídios, conversaram com parentes da vítima. “Eles contaram que o rapaz não costumava sair de casa e tinha poucos amigos”, contou Célia.

Antônio Carlos de Oliveira, tio de Cristiano, lamentou a morte do rapaz. “O piá não fazia nada de errado. Era do trabalho para casa e de casa para o trabalho”, contou.

Tiros por todo o bairro

Enquanto as testemunhas falavam sobre a morte de Cristiano, a PM foi chamada para dois casos de disparos de arma de fogo. O primeiro foi na Rua Cândido Hartmann, quando um mecânico, que saía de casa com sua família, teve seu Marea confundido com o de “Danilinho”. Os vingadores acertaram dois tiros no pára-brisa dianteiro e dois no traseiro. Os estilhaços feriram o motorista, que teve que ser socorrido pelo Siate.

A outra ocorrência aconteceu na Rua Ney Romanó, a algumas quadras de onde Cristiano havia sido assassinado. Os ocupantes de um Palio azul com quatro portas passou pelo local e deu cinco tiros, três acertaram a barriga e a garganta de Diego dos Santos.

Segundo testemunhas, ele foi baleado por ser conhecido de “Danilinho” e supostamente integrar a gangue Vila do Sapo. No entanto, familiares negaram a informação e disseram que o rapaz não havia saído de casa durante o dia.

Como tudo começou

Segundo uma moradora, que não quis se identificar, a Gangue do Extermínio começou com outro nome. Há algum tempo, ela se denominava Grupo da Esquina, pois reunia amigos, moradores na Vila Rica e Jardim Montana. Do outro lado da Rua Antônio Scorsin, que divide o São Braz ao meio, surgiu a Turma da Vila do Sapo.

“Por motivo qualquer, criou-se a rivalidade, até que começaram surgir as primeiras mortes”, contou a moradora. Segundo ela, a polícia tem registros de crimes praticados há mais de um ano. “São várias famílias que foram destruídas por conta de uma briga sem sentido”, contou.

De acordo com o delegado Rogério Martin de Castro, do 12.º Distrito Policial (Santa Felicidade), achava-se que os grupos perderiam força, depois de dois líderes do grupo terem sido presos por envolvimento em um assassinato cometido no centro, em fevereiro.

“Pelo visto o grupo continua ativo e outras pessoas assumiram a liderança da gangue”, comentou. Ele disse também que está trabalhando em parceria com a Delegacia de Homicídios para apurar a autoria do assassinato de Cristiano.