Gangue do maçarico tinha policiais envolvidos

Um policial civil aposentado e dois militares, um em licença saúde e outro da ativa, foram presos com nove pessoas, suspeitos de pertencer a uma das “gangues do maçarico” que agem em Curitiba e região.

Com o grupo, foram apreendidos maçaricos, uma pistola e quatro revólveres, telefones celulares, e cinco carros – um deles roubado. Há informações que o bando, formado por paranaenses, paulistas e catarinenses, agia em todo o Brasil.

Segundo a polícia, não está descartada a possibilidade de outros policiais estarem envolvidos nos assaltos. A prisão foi feita em operação conjunta das polícias Militar e Civil, na madrugada de sábado, no momento em que o grupo cortava um caixa eletrônico do Banco do Brasil, em Palmeira, Campos Gerais.

Lonas

Segundo testemunhas, eles cobriram os vidros transparentes com lonas pretas e pintaram as câmeras de monitoramento. Na hora da abordagem, houve troca de tiros e Kaio, Deiwis e Rodrigo (veja quadro) foram feridos.

Sem risco de morte foram socorridos pelo Siate e entregues aos policiais. “Temos informações que a intenção da quadrilha era arrombar todos os caixas do Banco do Brasil e do Banco Itaú naquela mesma noite e levantar R$ 500 mil”, disse o delegado, Rodrigo Brown, titular da Delegacia de Furtos e Roubos (DFR).

O tenente-coronel Carlos Alexandre Scheremeta, corregedor-geral da Polícia Militar, disse que o policial da ativa agia durante o expediente, se valendo das informações exclusivas que tinha pelo cargo que ocupava.

“Ficamos entristecidos em ver que um companheiro de farda cometeu o desvio de conduta. Buscar esses maus policiais enaltece quem trabalha corretamente”, comentou o coronel.

Explosões

O delegado descartou que o bando tenha participado da destruição da agência do Banco do Brasil de Bocaiúva do Sul, na semana passada, onde foram utilizadas bananas de dinamite para explodir os caixas. “Temos informações importantes sobre as ações desse outro grupo. Precisamos trabalhar com calma para que todos sejam presos”.

Cada qual com seu “serviço”

Segundo o delegado Rodrigo Brown as investigações começaram há mais de quatro meses e foram registradas em fotos e filmagens. Em 30 de janeiro, papiloscopistas do Instituto de Identificação encontraram digitais do Kaio, na agência arrombada do Banco do Brasil, no Bairro Alto.

O suspeito, que conta com passagem pelo mesmo crime em Santa Catarina, passou a ser monitorado. “Descobrimos outros integrantes do grupo. Eles agiam como uma organização criminosa, onde cada um era responsável por uma ação”, afirmou o delegado.

De acordo com a polícia, alguns anulavam os sensores de incêndio e de alarme, outros cuidavam do transporte das ferramentas e da fuga. Dois integrantes eram responsáveis pelo corte dos caixas eletrônicos e outros pela vigilância e segurança.

Base

O policial militar “segurava” as denúncias recebidas pelo telefone 190, sobre o crime em andamento, e alertava os marginais da presença da polícia, conforme explicado pelo delegado.

Em um dos assaltos, um três jovens viram os bandidos no banco e avisaram a polícia. Imediatamente eles foram rendidos por integrantes da quadrilha e foram mantidos sob a mira de armas até que o assalto fosse concluído.