Operação Waterfront

Gaeco prende vereador por desvio de dinheiro

O vereador de Curitiba, Denílson Pires (DEM), que preside o Sindicato dos Motoristas e Cobradores do Transporte de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), foi preso, na manhã de ontem, juntamente com o diretor administrativo e financeiro da entidade, Valdecir Bolette, e o advogado Valdenir Dias, ex-vereador da capital pelo PSB.

O trio é acusado de desviar parte dos cerca de R$ 10 milhões que o sindicato arrecada anualmente. As prisões são temporárias, previstas para durar cinco dias. A esposa de Valdecir ainda foi presa em casa por porte ilegal de arma e munições, mas foi liberada depois de alegar não ter conhecimento da procedência do material. Na mesma residência foram apreendidos R$ 15 mil.

As prisões foram resultado da Operação Waterfront, deflagrada por 40 policiais do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná, depois de dois meses de investigações. O nome da operação foi inspirado no filme On The Waterfront, trazido para o Brasil com o nome Sindicato de Ladrões em 1954.

Foram cumpridos outros 17 mandados de busca e apreensão, que culminaram na apreensão de R$ 120 mil e documentos que estavam na sede da entidade. Outros documentos foram apreendidos no litoral do Paraná.

“O boletim de caixa do dia 27 registrava R$ 10 mil em caixa, apenas. Não há informações da origem do resto do dinheiro”, explica o procurador de Justiça Leonir Batisti, coordenador estadual do órgão.

De acordo com ele, denúncias anônimas chegaram ao Ministério Público do Trabalho apontando desvios de dinheiro ocorrendo há muito tempo no Sindimoc. “O sindicato foi constituído por advogados e os mesmo grupos, orientados por eles, foram se revezando na presidência ao longo dos anos”, revela o procurador.

Valdenir Dias foi apontado como mentor da quadrilha. As denúncias também suscitaram dúvidas sobre a responsabilidade do trio na morte de dois ex-presidentes da entidade.

Denílson Pires assumiu a presidência do Sindimoc, em 1998, depois do homicídio do então presidente, Aristides da Silva, o “Tigrinho”. Ano passado Alcir Teixeira, o “Zico”, também foi morto a tiros.

Arrecadação

A investigação apontou que, de todo o dinheiro cedido à entidade através do desconto em folha de pagamento dos trabalhadores do setor e das empresas de transporte, parte era desviada através da inclusão de funcionários fantasmas no quadro geral e também do uso de notas fiscais frias.

No próprio site do candidato, há informações de que a entidade contava com apenas quatro funcionários em 1998 e hoje tem mais de 90. “Só para atendimento jurídico dos sindicalizados era destinado 10% do lucro da entidade”, garante Battisti. Também foi constatado que um funcionário do escritório político de Denílson Pires era pago através do Sindimoc.

Os acusados podem responder por apropriação indébita e formação de quadrilha. Denílson e Valdecir foram encaminhados ao Centro de Triagem II, e o advogado ficará detido em um batalhão da Polícia Militar.

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