O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, com apoio de equipes da Polícia Militar, prendeu temporariamente o ex-delegado geral da Polícia Civil Marcus Vinicius da Costa Michelotto e o delegado Geraldo Celezinski e dois investigadores, além de policiais militares, na manhã de ontem. Os detidos são suspeitos de envolvimento com o jogo ilegal que ocorria numa casa do Parolin, que ficou conhecida como a “Mansão Cassino”. O local foi estourado em janeiro do ano passado. Foram encontrados indícios de prostituição e apreendidas 40 caça-níqueis, além de fotografias de políticos.
Também foram presos os investigadores Salvador e Mauro Canuto Souza Machado. Este último, havia sido condenado a 14 anos de prisão por atear fogo na sede da antiga Promotoria de Investigações Criminais (PIC), que atualmente se chama Gaeco, em 2000. Por conta da condenação, ele foi expulso da Polícia Civil, mas conseguiu reverter a decisão e reingressou na instituição. O Ministério Público não deu detalhes das investigações, alegando que o processo está sob sigilo judicial. Entretanto, fontes ligadas à Tribuna confirmam que Michelotto não só frequentava o local, como fazia “vistas grossas” para que o cassino funcionasse.
Na manhã de ontem, foram cumpridos mandados de busca e apreensão. Todas são prisões temporárias, por cinco dias, e podem ser prorrogadas por mais cinco, tempo que o Gaeco tem para investigar e conseguir mais provas contra os detidos. Foram apreendidos documentos, computadores, carros e vários caça-níqueis.
Críticas
O presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado do Paraná (Sidepol), Cláudio Marques Rolim e Silva, foi até o Gaeco durante a operação e soube que nenhum delegado participou das investigações que levaram às prisões na manhã de ontem. “O Gaeco não tem coragem de investigar o que é de fato o crime organizado. Essas operações fazem com que a população deixe de confiar na polícia. Se o povo não denunciar mais, quem sai ganhando é o verdadeiro crime organizado”, ressalta.
O advogado do Sindicato das Classes Policiais Civis do Paraná (Sinclapol), Milton Miró Vernalha Filho, ficou revoltado. Ele disse que os delegados sequer sabiam do que eram acusados. “A polícia está cuidando de preso e de prédio público, enquanto o Ministério Público investiga. É uma inversão de valores. Isso é deturpação midiática para prejudicar o secretário da Segurança e o governador Beto Richa”, lamenta. O secretário estadual da Segurança Pública, Cid Vasques, é promotor do MP e sua licença para chefiar a Sesp deve ser julgada na terça-feira da semana que vem.