Mandados de prisão preventiva foram cumpridos contra seis policiais militares no fim da tarde de quinta-feira (03), em Curitiba. Um aspirante e cinco soldados são suspeitos de tortura física e psicológica a dois homens durante uma abordagem em julho deste ano. As investigações são conduzidas pelo Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná (MPPR).
De acordo com o MP, a situação aconteceu em 20 de julho. Os policiais, lotados na Rotam e no Serviço Reservado do 23.º Batalhão da Polícia Militar, abordaram os suspeitos com a intenção de obter informações sobre drogas, armas de fogo, dinheiro e nomes de traficantes. A tortura iniciou na casa de um dos homens, com agressões. Em seguida foram levados até a represa do Passaúna, onde, mesmo não ter encontrado nada ilícito, foram ameaçados de morte e torturados psicologicamente. De acordo com Leonir Batistti, coordenador do Gaeco, foi relatado que os homens foram obrigados a entrar na água e quando tentavam sair, tiros eram disparados para que não voltassem à margem. Horas depois eles foram liberados.
No dia seguinte, as vítimas procuraram a Corregedoria da Polícia Militar e denunciaram o abuso. Para embasar as investigações, exame de lesão corporal foi realizado no Instituto Médico Legal e, após um mês, os mandados de prisão preventiva foram expedidos pela Justiça. “Levamos os mandados ao comando da Polícia Militar, que prontamente determinou que os militares se apresentassem”, afirmou Batisti. Eles estão detidos na Corregedoria Geral da PM, no centro da cidade.
“Não há nada que ratifique a suspeita na visão policial. Chegamos a encontrar estojos no local, o que comprova o uso desnecessário de arma de fogo na ação”, disse o coordenador. As investigações continuam para colher depoimento dos detidos.
Por meio de nota, a Polícia Militar se manifestou e informou que “a partir de agora, todas as demais providências de ordem administrativo-disciplinar estão sendo adotadas na forma legal e regulamentar em relação aos militares estaduais em questão. Importante ressaltar que a Corporação, para qualquer situação denunciada, busca a elucidação de todos os fatos, e, se restar comprovada responsabilidade para qualquer um dos policiais militares, os instrumentos adequados de saneamento são adotados, na forma legal, sendo respeitados os direitos ao devido processo legal, à ampla defesa e ao contraditório, para qualquer militar estadual”.