Foto: Chuniti Kawamura/Tribuna

Apenas 10 pessoas freqüentam setor de raridades, por semana.

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Levantamento preliminar feito pela direção da Biblioteca Pública do Paraná estima em mais de R$ 500 mil o prejuízo causado pelo furto de 120 obras raras. Nenhuma delas tinha algum tipo de equipamento anti-furto, o que é previsto nas normas de preservação. Algumas das obras eram complementos de outras coleções, o que levanta a suspeita de crime encomendado.

O furto de 120 obras raras da Biblioteca Pública do Paraná (BPP) está cercado de mistérios. O fato teria acontecido há mais de um mês, e somente agora veio a público. A demora na divulgação teria sido ?estratégia? para tentar prender o culpado, pois havia esperança que ele voltasse dias mais tarde, o que não aconteceu.

A principal suspeita é que o homem – cujo retrato falado já foi divulgado pela polícia – praticou o crime durante um fim de semana, com a facilitação de seguranças do prédio, pois nenhuma porta foi arrombada. Essa versão é a defendida pelo diretor da biblioteca, Cláudio Fajardo, que descarta a participação da única funcionária que trabalha no local. Os cerca de 3 mil volumes que integram a coleção de livros raros ficam em uma sala separada, no subsolo do prédio.

Segundo ele, o crime teria ocorrido no fim de semana de 1.º de outubro, dia das eleições, e não foi divulgado antes pois acreditava-se no retorno do ladrão – ou talvez para não ofuscar o segundo turno. ?Na sexta-feira a funcionária recolheu as caixas de livros e fechou a sala. Quando voltou, na segunda-feira, percebeu que as caixas estavam em posição diferente e identificou a falta dos livros. Imediatamente acionou a polícia?, comentou Fajardo.

Segurança

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O diretor da BPP declarou que uma comissão de sindicância interna foi instaurada para apurar o caso, mas até agora não foi concluída. Ele afirmou que um chaveiro teria dito que a porta da entrada da sala foi forçada, o que não teria acontecido com as demais portas do prédio.

Já a perícia da polícia ainda não apresentou uma posição sobre o fato.

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A empresa de segurança é tercerizada e, durante o fim de semana, quatro homens se revezam para cuidar dos 8 mil metros quadrados do prédio. Fajardo admitiu que a segurança é frágil e precisa ser revista. Cerca de 3,5 mil pessoas passam diariamente pela Biblioteca Pública do Paraná, no entanto, na sala de livros raros, a freqüência não passa de dez pessoas por semana.

Raridades atravessaram séculos

Entre as obras mais caras que foram levadas estão o livro Recordações do escrivão Isaías Caminha, de Lima Barreto, escrito em 1909, e avaliado em cerca de R$ 2,7 mil. Também, mapas da coleção de Anville, datados de 1749 e 1794, que custam entre 1,7 e 2 mil euros. De acordo com o diretor Cláudio Fajardo, nenhuma dessas obras estava no cofre, que abriga apenas o livro Orlando Furioso, de Luduvico Ariosto, edição de 1584.

Nenhuma das obras tinha seguro. A esperança do diretor da Biblioteca é que, após a divulgação do roubo dos livros – mesmo depois de mais de um mês – algum colecionador que tenha porventura adquirido as obras, se sensibilize, e faça a devolução.