Funcionários da empresa Vera Cruz Empreendimentos temiam trabalhar para Neviton Pretty Caetano, 52 anos, que está preso por extorsão, formação de quadrilha, cárcere privado e porte ilegal de arma, desde o dia 7 do mês passado. A denúncia foi feita por uma advogada, que trabalhou alguns dias na empresa, e procurou a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), antes mesmo de Neviton Caetano ser preso, no dia 7 de maio passado. Em seu depoimento, a mulher disse que temia “levar um tiro”, quando soubessem de sua contratação.
A ex-funcionária de Neviton justificou que soube do emprego através do classificado de um grande jornal da cidade, que a empresa admitia advogadas e oferecia salário de R$ 1.500,00 mensais. Ao ser contratada, Neviton avisou que o regime da empresa era “militar” e que em hipótese alguma poderia fotocopiar documentos, levar disquetes para casa, consultar ações sem autorização ou “roubar” a clientela dele. Na empresa, Neviton usava crachá intitulado “Doutor Caetano”. Ainda, segundo a advogada, a empresa contava com cerca de cinco segurança que impunham a “lei do silêncio”.
No breve período em que prestou serviços à empresa, a advogada notou que as ações, que deveria trabalhar no Juizado Especial, estavam extintas “sem julgamento mérito” (ou seja, da causa). Além disso, haviam pedidos de Justiça gratuita e cartas para o Serasa e SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) assinadas pelo próprio cliente, o que não caracterizava nenhuma relação da pessoa com a empresa.
De acordo com a denúncia, no momento da audiência, as advogadas simulavam um encontro casual com os clientes, que fazia uma nova contratação. Os clientes eram pessoas humildes e evangélicas, sendo que duas advogadas da empresa eram da mesma religião.