Duas fugas expuseram novamente a fragilidade das cadeias nas delegacias de Curitiba. Trinta e três acusados de roubo, furto, estupro, tráfico de drogas e outros crimes, evadidos do 7.º Distrito Policial e da Delegacia do Adolescente, estão perambulando pelas ruas da cidade.
No 7.º DP (Vila Hauer), os presos serraram grades, quebraram uma laje do teto e fugiram pela tubulação de ar, às 6h de ontem. Apenas dois policiais estavam de plantão – um terceiro estaria ausente do serviço. Um dos plantonistas atirou cerca de 15 vezes para tentar conter a fuga, mas não pôde abandonar o xadrez.
Três horas depois, um outro detento, acusado de assalto, aproveitou-se da confusão na delegacia e escapou pelo mesmo local. Uma quadra adiante, foi recapturado.
No instante da fuga, havia 75 presos no 7.º DP, que tem capacidade para apenas 30. O delegado titular, Ronald Wilhelm de Jesus, admite que as condições subumanas do xadrez incentivam as evasões. “Toda semana eles tentam sair e nós tapamos buracos e soldamos grades. É a realidade das carceragens em todo o País: falta infra-estrutura e recursos humanos e sobram presos”, lamentou.
Foi a segunda fuga em massa do 7.º DP em menos de dois meses. Em 23 de junho, 18 deles escaparam da mesma forma – furando o teto e chegando à tubulação de ar.
Evadidos
Estão nas ruas os detentos Alexandro da Silva, Anderson Cordeiro, Cleverson Rodrigo de Oliveira, Diego Rodrigues de Souza, Dirceu Santos de Queiroz, Douglas Fogaça de Almeida, Emerson Antônio Marques, Gabriel Saling, Hoesler de Oliveira, Ivan Lino da Silva, Izaquel Teixeira da Silva, Joel Delgado, Jonatha Mendes de Abreu, José Antônio Silva Júnior, José Luiz de Moraes, Jurandir dos Santos Stempeniak, Magno Aparecido Souza, Paulo César Souza Santos, Paulo Saling, Rogério da Silva, Sidinei Gonçalves da Silva, Tiago Leandro Nezgoda e Tiederson Martinho Paludo. Até a tarde de ontem, nenhum deles havia sido recapturado.
Impotência
O delegado Roberto Nascimento, chefe da Divisão Policial da Capital – responsável pelos distritos de Curitiba – admite que a corporação se vê impotente diante das constantes fugas. “O problema envolve outras secretarias estaduais e não depende só da polícia. A única solução é a construção de novos presídios para esvaziar os distritos”, falou o delegado. Outra medida paliativa, de acordo com Nascimento, é o contato freqüente com a Vara de Execuções Penais (VEP) para a transferência dos presos condenados para outras unidades prisionais.
Adolescente
Às 17h de domingo, 10 menores infratores fugiram da Delegacia do Adolescente, no bairro do Tarumã. Armados com estoques, os garotos, de 16 e 17 anos, dominaram dois educadores sociais (seguranças) e retiraram as chaves das celas. Três dos fugitivos foram recapturados no pátio da delegacia. “Eles aproveitaram que a estrutura está fragilizada pelas obras de ampliação e derrubaram o portão de entrada com um chute”, disse Francesco Serale, diretor do Serviço de Assistência Social (SAS), órgão estadual responsável pela custódia dos adolescentes.