Fuga frustrada no xadrez do 5.º DP

Foi por muito pouco que cerca de 20 presos não ganharam as ruas na noite de ontem. Policiais do 5.º DP (Bacacheri) descobriram, no final da tarde, um buraco que estava sendo cavado pelos detidos em uma das celas da carceragem. Pela extensão do túnel – que daria acesso aos fundos da delegacia, onde basta pular um muro baixo para chegar à rua – o delegado Wilciomar Voltaire Garcia acredita que com mais duas ou três horas de escavação os presos conseguiriam escapar. “Provavelmente a fuga ia acontecer à noite ou durante a madrugada”, observou o delegado.

Durante todo o dia os presos se mostraram bastante agitados e barulhentos, cantando e fazendo batucada para disfarçar o barulho da escavação. Mas o que realmente chamou a atenção dos policiais foi a carta da namorada de um dos detidos, que chegou por volta do meio-dia. Nela, a moça pedia que o preso pensasse bem antes de “tomar a decisão e fazer besteira”. Logo depois que a correspondência foi lida pelo delegado, policiais passaram a interrogar os homens encarcerados – inclusive o destinatário da carta – mas eles negaram qualquer plano de fuga.

Superlotação

Diante da situação, foi feita uma revista geral na carceragem – uma operação bastante complicada, uma vez que o xadrez, além de estar superlotado, tem apenas duas celas e um corredor.

O corredor, que deveria estar vazio para que os policiais tivessem acesso e visibilidade às celas, estava também apinhado de presos, por falta de espaço nos cubículos. Cada cela deveria abrigar no máximo quatro homens, mas estava com 12. Outros 11 presos se amontoavam no corredor, completando o cenário de superlotação com 35 detidos, alguns deles já condenados pela Justiça.

Na revista, por volta das 16h30, foi encontrado o buraco. Os policiais também descobriram que os presos tinham serrado um pedaço da grade para usá-lo na escavação. Policiais civis do Centro de Operações Especiais (Cope) e policiais militares foram chamados para auxiliar na revista e contenção dos presos.

Problema

No final da tarde, o delegado Voltaire estava com um problema para resolver. Além de não ter onde colocar os 23 presos que estavam na cela escavada e no corredor, ainda tinha mais dois flagrantes para lavrar e, portanto, abrigar mais dois indivíduos na mesma carceragem. A solução provisória seria deixar todos amontoados em um único cubículo até que o túnel fosse cimentado.q

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