Quatro presos tentaram escapar da delegacia de São José dos Pinhais, no final da manhã de ontem, quando era servido o almoço pelos carcereiros. Apenas um obteve êxito. Rodrigo Ribeiro Proença Pinto, 22 anos, detido por tráfico de drogas, foi baleado na perna e recapturado.

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Júlio César de Freitas, 18, recolhido pelo mesmo crime, levou um tiro na cabeça e morreu a caminho do Hospital Cajuru. Alisson Augusto da Silva, 22 anos, que responde por roubo, foi recapturado ileso a três quadras da delegacia.

Elton Ricardo Salvador, 22, acusado de roubo, porte ilegal e arma e falsidade ideológica, conseguiu fugir. Após a fuga, houve rebelião na cadeia e dois carcereiros foram feitos reféns.

A fuga causou grande transtorno nos arredores da cadeia, com corre-corre de policiais e viaturas, tiros pelo meio do caminho, ruas sendo bloqueadas e pessoas tentando se proteger sem saber exatamente do quê.

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Segundo o tenente Marcos, do 17.º Batalhão da Polícia Militar, foram os soldados Martins e Saturno que perceberam a evasão. Eram 11h30 e eles haviam acabado de chegar à delegacia para relatar uma ocorrência. Encostados no balcão preenchendo a documentação, viram três homens correndo para fora das celas.

Reforço

Familiares e advogados, do lado de fora, em busca de notícias.
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O soldado Martins foi para a porta da carceragem, tentar impedir que outros escapassem. Logo chegou a ajuda dos carcereiros Rudinei Alves e Marcelo Henrique, capturados pelos amotinados.

Enquanto isso, outros funcionários chamaram reforços do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), do Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial (Grupo Tigre), da Rondas Ostensivas de Naturezas Especiais (Rone) e da Guarda Municipal.

Do lado de fora, o soldado Saturno correu e conseguiu recapturar Rodrigo. Alisson foi alcançado por uma equipe do 17.º BPM. Júlio estava escondido no terreno de uma casa, na quadra ao lado da delegacia. Foi encontrado pela Rone e levou um tiro na cabeça. Elton não foi mais visto.

Reféns

Elton: foragido.

Encerrada a confusão do lado de fora da delegacia, eclodiu a rebelião dentro do xadrez, onde os carcereiros estavam em poder dos presos, armados com estoques (facas improvisadas).

Como souberam que a fuga tinha sido frustrada, exigiram a presença da imprensa, da juíza e do promotor da Comarca e de um representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Eles queriam garantias de que não sofreriam represálias.

As negociações com a juíza Luciana Molin, o promotor Marco Aurélio São Leão, o vice-presidente da OAB em São José dos Pinhais, Dirceu Précoma, e o delegado titular da comarca, Osmar Dechiche, duraram cerca de duas horas.

Convencidos de que não seriam punidos, soltaram os carcereiros às 15h. Enquanto isso, familiares e advogados aguardavam aos gritos, do lado de fora, notícias sobre os presos.

Depois de um “pente-fino” nas celas e da contagem dos que ficaram, os policiais encontraram um celular no ânus de Rafael Venith de Souza, 20, preso por tráfico.

O aparelho seria o mesmo que os presos usaram para fazer contato com a imprensa na hora do almoço, pedindo a presença das autoridades.

Inclusive chegaram a falar ao vivo com o apresentador Robson Silva, do programa Tribuna da Massa (SBT).

Estrutura

Dechiche: segurança no prédio.

Dechiche explicou que, chegando as festas de fim de ano, os presos tendem a se agitar nas carceragens, tentando ganhar a rua. “Nossa cadeia está bem monitorada por câmeras e com reforços na estrutura.

Eles não têm outro jeito de escapar senão rendendo policiais, como fizeram hoje. Mas tudo acabou bem. Os carcereiros foram liberados ilesos e nenhum tiro foi disparado para conter a rebelião”, disse o delegado.

Ele ainda revelou que aquela delegacia de São José dos Pinhais possui 40 policiais civis, distribuídos entre as funções de delegados, investigadores, escrivães e carcereiros.