Vinte e sete presos fugiram da carceragem do 11.º Distrito Policial, na Cidade Industrial, na madrugada de ontem. A delegacia, que tem capacidade para abrigar 40 pessoas, estava com 148. Segundo o delegado Gerson Alves Machado, titular do DP, os detentos escaparam pelo teto, através do sistema de ventilação.
Átila Alberti |
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Com uma “tereza”, 27, dos 148 presos, conseguiram escapar. |
Eles serraram as grades das laterais e chegaram até a laje, onde cavaram um buraco de 60 centímetros. Em seguida, usaram uma corda feita de lençóis e cobertores conhecida como “tereza” para escalar o telhado. Os presos pularam o muro que dá acesso a uma clínica e escaparam sem fazer barulho.
A movimentação foi percebida pelos vigilantes que controlavam o sistema de câmeras de monitoramento instaladas no pátio de uma empresa ao lado da delegacia. Eles avisaram a polícia e os três investigadores de plantão flagraram a fuga, por volta de 4h30.
Os policiais tiveram de atirar para impedir que os outros 121 detentos fugissem. André Luiz Pantaleão e André Rodrigo Wagner foram recapturados ainda pela manhã, na Vila Nossa Senhora da Luz.
Comida
Machado acredita que o pedaço de serra utilizado pelos presos entrou na cadeia durante visita de familiares. “É comum que parentes de presos tentem passar celulares, ferramentas e até drogas no meio da comida. Apesar da revista severa, existem muitos presos, o volume de sacolas é bastante grande e não é difícil que um pequeno pedaço de serra tenha chegado até eles”, admitiu o delegado. Conforme Machado, boa parte dos presos que escaparam é considerada de baixa periculosidade e cumpriam pena por tráfico, roubo e furto.
Ainda na manhã de ontem, policiais do setor de infra-estrutura reparavam o estrago. Por conta da fuga, as atividades do Instituto de Identificação na delegacia foram suspensas pela manhã. Equipes da Polícia Militar e do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) foram mobilizadas para auxiliar na busca pelos presos.
Motim alertou pro caos
Janaina Monteiro
Funcionários trabalhavam sob constante estresse e temiam por suas vidas. Em fevereiro de 2008, a delegacia foi interditada pela Vigilância Sanitária, depois que um preso morreu ao ficar doente.
Depois do motim, a Secretaria da Segurança Pública informou que todos os presos seriam transferidos e as celas passariam por reforma geral.
Até então, apenas reparos emergenciais, como as obras elétricas e hidráulicas, foram feitos.
Remoção
O delegado-geral da Polícia Civil, Jorge Azôr Pinto, explicou que os reparos na delegacia só poderão ser feitos depois da transferência dos presos, o que deve ocorrer com a entrega de 60 celas modulares, no Centro de Triagem II, em Piraquara.
Outros 60 módulos serão instaladas em Araucária, Colombo e Rio Branco do Sul. As celas terão capacidade para abrigar 1.440 presos.
A previsão para a entrega das 60 primeiras celas era para este mês. No entanto, “problemas climáticos” atrasaram o cronograma, segundo Azôr.
Denúncias antigas
Fábio Schatzmann
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Paraná denuncia há tempos as condi&,ccedil;ões precárias do 11.º DP (CIC). Os problemas vão de falta de higiene na carceragem à segurança dos policiais. Normalmente, apenas três plantonistas cuidam dos presos.
Em uma das últimas visitas feitas ao DP, a comissão de Direitos Humanos teve de se reportar a um “líder”, identificado como “Gringo”, para ter acesso aos demais detidos.
Segundo a advogada Isabel Kugler Mendes, presidente da comissão, isso mostra o grau que chegou a falta de controle sobre os presos. O problema se agravou depois do motim de janeiro, quando as celas foram destruídas e os presos passaram a ocupar o pátio da unidade e os escombros.
Mais fugas
Márcio Barros
Na Penitenciária Estadual de Ponta Grossa, três presos que cumpriam pena no regime semiaberto fugiram, por volta de 15h de ontem. Alexandre Azevedo, 24 anos, Luiz Alberto Soares dos Santos Madureira, 26, e Maurício Antonio Machado, 28, aproveitaram o banho de sol, romperam as grades do solário e fugiram por um matagal.
Outra
Denúncia anônima relatou que, durante a madrugada, alguns presos da delegacia de São José dos Pinhais teriam fugido. Na delegacia, ninguém confirmou a evasão, no entanto, no final da tarde de ontem, guardas municipais participaram de operação pente-fino para contar os presos.