Na primeira investida, apenas |
Demonstrar que a polícia tem força suficiente para combater o tráfico de drogas e poder para devolver a tranqüilidade aos moradores dos bairros onde a violência tem tomado conta, foi o principal objetivo da primeira operação Força-Tarefa, criada para investigar homicídios relacionados ao tráfico de entorpecentes. A ação deverá se estender em todo o estado. Na noite de segunda-feira e madrugada de ontem, o trabalho foi desenvolvido em Curitiba, nos bairros Parolim, Uberaba, Campo Comprido, e Campina do Siqueira, e em Piraquara. No vizinho município houve a prisão de dois homens.
A operação mobilizou 25 viaturas e mais de 70 policiais da Delegacia de Homicídios, Divisão de Narcóticos (Dinarc), Polícia Militar e Polícia Federal.
A intenção da força-tarefa, no trabalho inaugural, era o cumprimento de oito mandados de prisão, porém foi descoberto que quatro dos procurados haviam morrido nos últimos meses, devido a "acertos" entre os próprios tráficantes de drogas. Dos demais mandados, os policiais conseguiram cumprir apenas o de Antônio Eduardo da Cruz, o "Japonês", apontado como o autor da morte de Ingrid Robert Silva, 24, fato ocorrido em 6 de agosto de 2004, na Praça da Ucrânia, Bigorrilho. O alvo principal de Antônio era o namorado da jovem, Ricardo Rosa, que foi baleado e fugiu. Ricardo era integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa paulista. Os outros três mandados não foram cumpridos.
A segunda prisão aconteceu em decorrência de flagrante de furto no Parolim. Adriano Rodrigues de Oliveira, 25 anos, foi apanhado carregando um objeto furtado e, ao ser abordado pelos policiais, deu nome falso. Ao constatar o verdadeiro nome do detido, foi descoberto que ele tinha mandado de prisão expedido por assalto.
Detenção
Além das prisões, uma jovem de 18 anos e uma adolescente (irmãs) foram detidas para a averiguação e após interrogatório, liberadas. De acordo com o delegado Alberto Cartaxo de Moura, Daiane Batista Wenceslau é suspeita de envolvimento em um duplo homicídio ocorrido no limite dos municípios de Curitiba e Piraquara. Ela é filha de Marina Wenceslau – apontada pela polícia como responsável por grande parte do tráfico de drogas no Parolim, mas que morreu em 2004 em Presidente Prudente (SP) – e namorada de "Dema" -Denilson Jackson Petrechen -um dos participantes do assalto ao carro forte na agência do Bradesco, no Jardim das Américas, em novembro do ano passado. Na ocasião, um vigilante morreu e uma estudante foi baleada. "Dema" também foi ferido e se internou em um hospital em Antonina (litoral), para se tratar. Foi descoberto pela Polícia Militar, transferido para um hospital em Curitiba e morreu. "Dema" era um dos procurados pela Força-Tarefa.
Ações
A força-tarefa foi criada com o objetivo de conseguir dados sobre o tráfico de drogas e homicídios que resultem dele. As informações – na maioria das vezes passadas pela população através dos telefones disque-denúncia – são reunidas numa Central de Informações e Inteligência da Secretaria de Segurança Pública e a partir de suas interpretações serão definidas as novas operações da força tarefa. O trabalho teve início em Curitiba, mas deve se estender para Região Metropolitana e todas as cidades do Paraná onde o tráfico esteja se "acomodando". Durante uma semana a polícia trabalhou para executar esta operação, entretanto as próximas ações serão menores e despenderão menor tempo de preparo.
Entre morte e entorpecente há uma ligação direta
De acordo com o delegado Luiz Alberto Cartaxo de Moura, da Homicídios, do total de assassinatos ocorridos em Curitiba, 70% estão relacionados ao tráfico de drogas ou em conseqüência de desacerto em bares ou proximidades. Esse levantamento foi feito pelo delegado no mês de outubro, em que a especializada alcançou o índice de 80% de casos solucionados. Em média, são solucionados entre 55 e 65% dos casos de morte.
A grande relação entre assassinato e consumo de bebidas alcoólicas e drogas está fazendo com que o governo pense em estabelecer um horário para o funcionamento de bares também em Curitiba. Essa prática já é adotada em algumas cidades da Região Metropolitana.
Força-tarefa deu resultado no ano passado
No ano passado, outra força-tarefa já havia sido criada pelas polícias Civil e Militar, reunindo investigadores e delegados da Delegacia de Furtos e Roubos (DFR) e do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) e policiais militares do Comando do Policiamento da Capital (CPC). A meta era combater o grande número de roubos praticados, principalmente contra postos de combustível, farmácias e outros estabelecimentos comerciais, como lotéricas. A força-tarefa atuou por algumas semanas e depois se dissolveu. Para o delegado Rubens Recalcatti, o resultado da ação foi positivo, pois houve redução nos índices dos delitos combatidos.