Foragido diz que teme ser morto numa ?queima de arquivo?

Foragido da polícia desde dia 16, quando foi desencadeada a Operação Tentáculos, que colocou 28 pessoas atrás das grades, o advogado Peter Amaro de Souza concedeu ontem à tarde entrevista exclusiva à Tribuna, por escrito. Ele garantiu que é inocente e prometeu se apresentar à polícia nos próximos dias, após o resultado do habeas-corpus impetrado pelo advogado Cláudio Dalledone. ?Vou me apresentar para o delegado Rubens Recalcatti, que é um policial íntegro?, diz ele.

Peter teme pela própria vida. ?Vão acabar me matando para queimar arquivo. O grande problema disso tudo é que não sei de que lado virá bala, se do lado dos bandidos ou dos mocinhos, se é que tem mocinho nessa história toda?, ironiza. ?É possível que eu não chegue vivo na delegacia e, se chegar, é mais possível que não saia vivo de lá em conseqüência da irresponsabilidade daqueles que deveriam zelar pelas leis?, ataca.

O advogado lembra que foi vítima de atentado em 2001, quando crivaram de balas seu escritório, na Rua Augusto Stellfeld, época em que, por coincidência, o delegado Luís Alberto Cartaxo de Moura foi responsável pelas investigações. ?Ele tinha os nomes e não indiciou ninguém. Sabia quem eram todos, mas tinha figurões?, acusa.

Presos

Peter informa que boa parte dos presos da Operação Tentáculos são clientes de seu escritório. ?Eu não vejo qualquer irregularidade nisso. Independentemente do crime, todos são acusados, todos têm o direito a ampla defesa e a favor deles existe a presunção de inocência?, argumenta. Além disso, o fato de um advogado defender alguém acusado de tráfico, homicídio ou estelionato, não significa que seja cúmplice do crime, completa.

Ele não sabe do que é acusado e vê desencontro nas informações. ?Uma hora parece que estou sendo acusado de associação para o tráfico, depois que encomendei um homicídio, que testemunhei uma execução e finalmente por saber demais?, salienta. ?Um dia antes da operação, encontrei o delegado Luís Alberto Cartaxo de Moura no Tribunal de Justiça. Por que não me prendeu ali??, questiona.

Dia 16, relata que policiais federais estiveram no escritório dele e reviraram documentos, levando pertences e passaporte. Depois estiveram na casa da ex-mulher e a fizeram refém, junto com os filhos menores. A atual companheira foi detida e passou o dia na Delegacia de Homicídios. ?Eu telefonei para o Cartaxo. Ele me disse que a minha prisão era apenas para que eu ajudasse nas investigações, pois eu sabia demais. Ora, não sou alcagüeta. Por ser advogado, mesmo se soubesse demais, estaria impedido de falar por conta do sigilo profissional?, desabafa.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo